Início Destaque Atleta trans lidera provas femininas e gera protestos nos EUA

Atleta trans lidera provas femininas e gera protestos nos EUA

0

A presença da atleta trans AB Hernandez, de 16 anos, nas provas femininas do campeonato estadual de atletismo da Califórnia desencadeou protestos, mudanças regulatórias, manifestações políticas e uma investigação federal.

Estudante da Jurupa Valley High School, Hernandez venceu provas de salto em distância e salto triplo em fases classificatórias e avançou à final do torneio, mesmo diante de forte oposição de setores da direita norte-americana.

O caso ganhou repercussão internacional depois de a Federação Interescolar da Califórnia (CIF) anunciar duas alterações seguidas nas regras. A primeira, na última terça-feira, 27, ampliou o número de classificadas para a final, inclusive meninas que, se não fosse a participação de Hernandez, estariam entre as finalistas.

A segunda mudança, no dia seguinte, determinou que, “se necessário, nas provas de salto em altura, salto triplo e salto em distância, uma atleta biologicamente feminina que teria obtido marca de qualificação ou posição no pódio também receberá a medalha correspondente, e isso será refletido no registro oficial do evento”.

Essas alterações ocorreram depois de um comunicado do presidente Donald Trump, que afirmou em sua rede social que poderia “ordenar às autoridades locais, se necessário, que não permitam a participação da pessoa trans na final estadual”. Trump ainda ameaçou cortar verbas federais e criticou o governo do Estado por permitir a presença de “meninos nos esportes femininos”.

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos, por sua vez, abriu uma investigação contra a Califórnia e o procurador-geral Rob Bonta, para apurar se houve violação ao Título IX, norma federal que proíbe discriminação com base em sexo em instituições educacionais que recebem financiamento federal.

Protestos marcam presença trans no torneio estadual da Califórnia

Durante o campeonato, realizado em Clovis, um avião com uma faixa escrita “No Boys in Girls’ Sports” (“Sem meninos nos esportes femininos”) sobrevoou o estádio, num protesto organizado por grupos de direita. Também foi registrada a prisão de um manifestante pró-LGBT depois de um confronto com outro espectador, que incluiu o uso de spray de pimenta e resultou em dano a um veículo.

Atletas afetadas pelas decisões protestaram publicamente. Reese Hogan, que ficou em segundo lugar no salto triplo atrás de Hernandez, subiu simbolicamente ao lugar mais alto do pódio para fotos. “Sei que, se não tivesse competido contra um menino, teria ficado com o primeiro lugar no pódio”, afirmou a esportista.

A família de Katie McGuinness, outra atleta que perdeu a vaga na final, também criticou as medidas tomadas pela federação. “A solução da CIF permite que meninas participem, mas ainda é uma competição injusta”, disseram em nota, ao agradecerem a Trump pela intervenção.

O governador democrata Gavin Newsom comentou o caso durante o lançamento de seu podcast com o ativista Charlie Kirk. Embora historicamente alinhado com pautas LGBTQ, Newsom reconheceu que a situação “é profundamente injusta” e declarou que seu partido “está sendo esmagado nesse tema”.

Hernandez participou de competições em 2024 e 2025 e tem registros anteriores de vitórias, inclusive em eventos menores, onde também enfrentou reações adversas. Em uma dessas ocasiões, um árbitro precisou intervir depois de o público vaiar a atleta durante um salto.

O campeonato estadual de 2025 ocorre sob forte presença policial, protestos e atenção da imprensa nacional. Para a diretora de segurança do evento, “os adultos falharam com esses jovens ao criar políticas que geraram esse ambiente” e alerta que qualquer ato que coloque os atletas em risco será reprimido.



Via Revista Oeste

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Sair da versão mobile