Uma nova espécie de dinossauro carnívoro, batizada de Maleriraptor kuttyi, foi descrita por paleontólogos a partir de fósseis encontrados na Índia. A descoberta ajuda a preencher uma lacuna importante no registro fóssil, conectando os primeiros herrerassauros da América do Sul a seus parentes mais jovens da América do Norte. O animal viveu há aproximadamente 220 milhões de anos, durante o período Triássico Superior (Noriano), em uma região que hoje corresponde ao centro-sul da Índia.
Uma peça-chave na evolução dos predadores os herrerassauros estão entre os primeiros dinossauros carnívoros conhecidos, representando uma formação inicial de predadores bípedes que variavam de 1,2 a 6 metros de comprimento. Até agora, seu registro estava restrito principalmente a fósseis do Carniano (233–229 milhões de anos atrás) encontrados na Argentina e no Brasil.
“Os herrerassauros representam a família mais antiga de dinossauros predadores”, explicou o Dr. Martín Ezcurra, paleontólogo do Museu Argentino de Ciências Naturais ‘Bernardino Rivadavia’ e um dos autores do estudo. “Sua presença na Índia sugere que esse grupo sobreviveu mais tempo do que se pensava e teve uma distribuição geográfica mais ampla.”
O Maleriraptor kuttyi foi identificado a partir de fósseis coletados há mais de 40 anos na Formação Maleri Superior, no Vale Pranhita-Godavari. Com informações da SciNews.
Brasil e índia tinham clima semelhante
Segundo os pesquisadores, o clima da Índia naquela época era mais semelhante ao do sul da América do Norte do que ao da América do Sul, o que pode explicar por que herrerassauros como o Maleriraptor e outros grupos de répteis eram mais comuns nessas regiões.
“A presença de herrerassauros no início do Noriano da Índia e não na América do Sul pode estar relacionada ao clima”, observaram os autores. “Reconstruções paleoclimáticas indicam que a Índia tinha temperaturas e precipitações mais parecidas com as do sul da América do Norte.”
Além disso, a Formação Maleri Superior apresenta semelhanças com depósitos fossilíferos no Brasil, sugerindo que ambas as regiões abrigavam faunas semelhantes há cerca de 225 milhões de anos.
“Esta descoberta mostra que os herrerassauros sobreviveram em Gondwana pelo menos até o início do Noriano, após a extinção dos rincossauros”, destacaram os pesquisadores. “Isso preenche parcialmente uma lacuna crítica no registro fóssil desse grupo.”
Com novas pesquisas, os paleontólogos esperam descobrir mais espécies que possam esclarecer como os dinossauros se diversificaram após as extinções do Triássico, pavimentando o caminho para seu domínio no período Jurássico.