Os lobos gigantes, até pouco tempo atrás, eram espécies existentes somente em histórias de ficção. A série Game of Thrones os elevou à fama, na função de pets da família Stark. Mas, para além do glamour das telas, eles eram apenas história. Estavam extintos havia mais de 10 mil anos até que, em outubro de 2024, eles voltaram a ser realidade em nosso tempo.
Esta viagem ao passado, no presente, ocorreu em função do resgate desta espécie, que tem parentesco com o lobo e é profundamente grande e inteligente. Nascidos em 1 de outubro de 2024, Romulus e Remus – nomes dos irmãos fundadores de Roma na mitologia romana – voltaram a existir no Planeta Terra.
Já no próprio início de Roma, em 753 a.c, eles eram parte de um passado remoto e não mais tinham sido vistos havia pelo menos 7,2 mil anos.
Em 30 de janeiro de 2025, uma fêmea da espécie nasceu. Recebeu o nome de Khaleesi, título Dothraki de Daenerys Targaryen de Game of Thrones.
Os três foram recriados pela empresa norte-americana de biotecnologia e engenharia genética, Colossal Biosciences, que tem resgatado espécies extintas e que fazem parte do imaginário popular.
Quem nunca viu nas páginas de livros, com paisagens áridas e amplos campos ao fundo, animais como o mamute, o tigre da Tasmânia ou o rinoceronte branco?
Tais espécies também estão prestes a ser resgatadas neste trabalho da empresa. O objetivo, segundo o site IGN Brasil, é, além de resgatar espécies que há muito não estão no mundo, preservar e ajudar no combate da extinção de espécies que ainda caminham pelo planeta.
“O projeto de ‘desextinção’ inovador da Colossal será a ressurreição do mamute lanoso — ou mais especificamente, um elefante resistente ao frio com todas as características biológicas essenciais do mamute lanoso”, informa o site da empresa.
“Ele andará como um mamute lanoso, parecerá com um, soará como um, mas, o mais importante, será capaz de habitar o mesmo ecossistema que foi abandonado após a extinção do mamute.”
O lobo gigante, diferentemente do mamute, já superou a condição de extinto. Os três são agora uma realidade contemporânea. Serão enviados para um habitat similar ao de milhares de anos atrás. Voltarão a ocupar ambientes como o das Américas, desde o extremo do Canadá até a Venezuela, onde viveram antes de serem extintos.
“Este momento marca não apenas um marco para nós como empresa, mas também um avanço para a ciência, a conservação e a humanidade”, declarou a empresa nas redes sociais.
Segundo Ben Lamm, co-fundador da empresa, a decisão por trás de escolher os lobos gigantes como a primeira espécie recuperada veio por não somente a importância endêmica da espécie nas Américas, mas também pela importância dela em culturas e tribos indígenas.
“Pensamos que se pudéssemos usar isso como uma oportunidade onde também poderíamos desenvolver tecnologias que pudessem ajudar os lobos, pensamos que era o projeto certo, dada a importância dos lobos para os ecossistemas.”
O processo de recuperação foi minucioso e contou com ferramentas da engenharia genética moderna. Os filhotes de lobos gigantes foram gerados por meio de duas amostras da espécie, que possibilitaram o sequenciamento dos genomas. Em seguida, a empresa utilizou materia do parente mais próximo destas espécies, que é o lobo cinzento.
Gestação do lobo gigante
O mapa genético foi sequenciado por meio de todas essas informações e com isso foram produzidas células de laboratório que foram clonadas, em processo similar ao da ovelha Dolly.
“Essa célula vira um embrião de um lobo cinzento,” afirma Darya Tourzani, cientista de biologia reprodutiva. Ela ressaltou que a célula do lobo cinzento, com as características genéticas adquiridas, foi inserida, já como um embrião, em um cachorro doméstico.
A empresa relatou que fez um trabalho extensivo para achar um cachorro que pudesse carregar os filhotes de lobo gigante de uma maneira que não comprometesse a saúde de quem estava gestando e dos próprios embriões.
“Não será mais um cachorro doméstico, que pode parecer algo que saiu da ficção científica”, acrescentou ela. “E com a ajuda de um time de veterinários, podemos colocar esse embrião cirurgicamente dentro de um cachorro de barriga de aluguel.”