terça-feira, junho 17, 2025
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Soldado desobediente salva o mundo da destruição nuclear

Com as guerras ao redor do globo, as armas nucleares espalham medo pelo mundo. Feitas com material radioativo, existem em número suficiente para acabar com a civilização. E a destruição esteve a um triz de acontecer há poucas décadas — quando a humanidade de um soldado salvou o mundo do desastre.

Também conhecidas como bombas atômicas, as armas nucleares foram usadas apenas duas vezes na história. As explosões ocorreram há 80 anos, quando duas ogivas arrasaram as cidades de Hiroshima e Nagasaki. A amostra do poder de devastação levou à rendição imediata do Japão, colocando fim à Segunda Guerra Mundial. A onda de impacto, porém, extrapolou o físico — e se alastrou por todo o globo.

O pilar da destruição

Com o fim do conflito, duas grandes potências que se uniram durante a guerra passaram a disputar a hegemonia mundial: Estados Unidos e União Soviética. Os oponentes enxergaram o domínio desse tipo de armamento como um pilar indispensável para assegurar a própria sobrevivência, e outras nações também seguiram esse exemplo.

Ambos aceleraram para aumentar o poder de fogo — uma corrida que durou décadas. Como resultado, os dois oponentes geraram ogivas suficientes para erradicar um ao outro — extinguindo toda a humanidade no processo. Era a doutrina da destruição mútua assegurada.

A ordem do fim do mundo

Norte-americanos e soviéticos criaram protocolos de resposta para o caso de um ataque. Na prática, eles garantiam que, se um atacasse o outro com essas armas, ambos disparariam com força total. Em teoria, mesmo que toda a humanidade não morresse com as explosões, os efeitos secundários levariam todos à morte pela escassez de recursos básicos, como os alimentos.

Para garantir a resposta em tempo hábil de destruição, os dois lados criaram sistemas informatizados de alerta. Em 26 de setembro de 1983, os computadores soviéticos soaram os alarmes. Sirenes agudas e luzes vermelhas piscando tomaram conta dos porões do poder em Moscou. No Kremlin, a leitura das máquinas garantia: o apocalipse começara — e não havia esperança de salvação.

Contudo, o contra-ataque dependia do aval do oficial de plantão. Era Stanislav Petrov, tenente-coronel das Forças de Defesa Aérea da União Soviética.

Os monitores eletrônicos não convenceram o militar. Não se sabe se por sorte, providência divina — ou o temor de carregar sobre si o peso de acabar com a vida —, Petrov decidiu não dar início à resposta armada. A destruição mútua assegurada deu lugar à prudência humana continuada. A história mostrou que ele acertou em cheio ao não disparar, e a humanidade seguiu viva. Ele, porém, foi punido por não seguir os protocolos militares à risca.

Por que Petrov não disparou as armas nucleares?

Os sistemas soviéticos não identificaram um ataque com força total. Em vez disso, apontaram o disparo de uma ogiva. Depois, outra e outras três — cinco no total. Petrov estranhou a quantidade e a achou muito pequena para ser real.

Em 1983, os Estados Unidos possuíam 23 mil armas nucleares prontas para uso. Lançar apenas cinco contra o inimigo não o destruiria e deveria provocar a retaliação letal, uma vez que o arsenal soviético somava 35 mil ogivas.

Os instintos de Petrov, característica fundamentalmente humana, salvaram o dia. Porém, o militar não teve o devido reconhecimento do governo comunista. Em vez disso, a burocracia garantiu-lhe punições e anonimato.

A história ficou escondida por mais de uma década. Apenas em 1998 houve a revelação do ato heroico. Ainda assim, com pouca publicidade — tanto que Petrov morreu no anonimato em 2017. No mesmo ano, a Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares recebeu o Nobel da Paz — uma honraria jamais concedida ao homem que salvou o mundo da destruição atômica.



Via Revista Oeste

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