Início Destaque ‘Se rir virou crime, o silêncio virou regra’

‘Se rir virou crime, o silêncio virou regra’

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O humorista Leo Lins quebrou o silêncio nesta quinta-feira, 5, depois de ser condenado pela Justiça a mais de oito anos de prisão. Em uma live de aproximadamente 15 minutos, ele abandonou a persona cômica para se pronunciar principalmente como cidadão. “Aqui é o Leonardo de Lima Borges Lins, não o comediante Leo Lins. Esse vídeo não é uma piada. Estou em casa, com meus gatos, tentando entender essa sentença.”

A decisão, que considera as piadas do humorista como discurso de ódio, revoltou Lins, sobretudo pelo que ele chama de “fragilidade intelectual” da fundamentação jurídica. “Sabe qual foi um dos embasamentos teóricos da juíza que me condenou? A Wikipedia. Isso não é uma piada”.

Leo Lins: sentença reflete um problema nacional

Para o comediante, a sentença reflete um problema ainda maior, que ameaça toda a sociedade. “Estamos vivendo uma das maiores epidemias dos últimos tempos: a da cegueira racional. Ninguém quer mais ouvir o próximo. Julgam só pela emoção”.

Lins critica a incapacidade do Judiciário em compreender a diferença entre ficção e realidade. “Se um personagem pode cometer crime, podemos então prender a atriz que faz a vilã da novela ou o ator que interpreta um vilão no cinema”.

O humorista ampliou a sua análise, classificando assim o atual cenário social como um coliseu romano. “Cada grupo vibra quando vê um suposto adversário cair. Enquanto isso, os imperadores assistem de camarote, invioláveis e intocáveis.”

Ao questionar os critérios que sustentaram sua condenação, disse: “Provavelmente quem desviou bilhões do INSS só ouviu piada de idoso. A culpa não é deles, é do riso”. Por fim, o humorista fez um alerta contundente sobre os riscos de decisões como essa para a liberdade de expressão. “Estamos virando uma sociedade de adultos infantilizados, que precisa do Estado para decidir do que pode rir, o que pode falar e até, um dia, o que pode pensar.”



Via Revista Oeste

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