Início Viagem & Gastronomia Qual é a parte mais perigosa do voo? Especialistas explicam

Qual é a parte mais perigosa do voo? Especialistas explicam

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Atravessar o céu a toda velocidade, sem nada abaixo além de 12 mil metros de ar rarefeito, pode parecer assustador, mas, quando se trata de viajar em um avião comercial, essa não é a fase mais arriscada do voo.

A segurança na aviação voltou a ser um tema de preocupação depois de uma série de incidentes alarmantes nas últimas semanas, levando muitos passageiros ansiosos a repensarem suas viagens.

Embora sempre se diga que voar é um dos meios de transporte mais seguros, esses eventos — alguns com vítimas fatais — reforçam que ainda há riscos.

Mas, segundo pilotos e especialistas, os momentos mais críticos do voo acontecem principalmente na decolagem e no pouso. E alguns consideram um deles mais perigoso do que o outro.

Foram justamente nessas fases que ocorreram incidentes recentes, levando o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA (NTSB) e a Administração Federal de Aviação (FAA) a abrirem investigações.

A atenção para a segurança aérea aumentou, especialmente após a colisão no ar, em 29 de janeiro, no Aeroporto Nacional Ronald Reagan, quando um jato da American Airlines, prestes a pousar, foi atingido por um helicóptero Black Hawk em missão de treinamento.

Poucos dias depois, um voo da United Airlines, saindo de Houston para Nova York, precisou ser evacuado antes da decolagem devido a um incêndio no motor. Os 104 passageiros e cinco tripulantes saíram da aeronave na pista usando escorregadores e escadas.

Menos de duas semanas depois, um jato Learjet 35A, pertencente a Vince Neil, vocalista do Mötley Crüe (que não estava a bordo), saiu da pista ao pousar e colidiu com um avião executivo Gulfstream no Aeroporto Municipal de Scottsdale, no Arizona, resultando na morte do piloto.

Desde então, a crescente preocupação com a segurança nos voos tem afetado não apenas os passageiros, mas também as finanças das companhias aéreas.

“Estamos assustados”

“Muitos de nós, que sempre ouvimos que voar é a forma mais segura de viajar, estamos assustados neste momento”, disse a deputada Bonnie Watson Coleman, de Nova Jersey, ao chefe do NTSB durante uma audiência de supervisão em 26 de março.

Apesar disso, especialistas seguem confiantes na segurança dos voos e na capacidade do setor de aprender com esses incidentes para aprimorar os protocolos críticos.

Segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), dos 1.468 acidentes registrados em 2024, 770 ocorreram durante o pouso e 124 na decolagem.

Para Mary Schiavo, analista de transporte da CNN internacional, a maior frequência de acidentes nessas fases se deve à complexidade das manobras envolvidas.

Aeroportos impõem muito mais pressão sobre pilotos, controladores de tráfego aéreo e aeronaves”, afirmou.

Ela acredita que pousar é mais perigoso do que decolar, pois há menos margem de manobra.

“O pouso é um momento extremamente crítico, especialmente para colisões no ar”, explicou. “Ao decolar, você tem a pista à sua frente, enquanto no pouso há menos opções caso algo dê errado.”

A regra do “cockpit estéril”

A decolagem e o pouso são tratados com máxima seriedade. Pilotos passam por treinamentos rigorosos para reagir a qualquer problema nessas fases.

Por isso, a FAA proíbe qualquer conversa ou distração desnecessária abaixo de 3.000 metros de altitude — é a chamada regra do “cockpit estéril”, criada em 1981.

“Esses momentos exigem atenção total. Você está acelerando do zero até a velocidade de voo, com um avião carregado. Tudo tem que estar perfeitamente alinhado”, explicou Dennis Tajer, porta-voz da Associação de Pilotos da American Airlines.

Os pilotos seguem checklists detalhados e há sistemas de redundância para evitar erros. Mesmo assim, falhas acontecem.

Na semana passada, por exemplo, o voo 3278 da Southwest Airlines quase decolou da pista errada no Aeroporto Internacional de Orlando.

Um controlador de tráfego aéreo percebeu a tempo e cancelou a decolagem pelo rádio. “Parem! Southwest 3278, parem!”, alertou. Os pilotos imediatamente frearam a aeronave.

Esses casos mostram onde a indústria pode aprimorar protocolos para reduzir riscos, segundo Jason Ambrosi, presidente da Associação de Pilotos de Linha Aérea.

“Segurança é uma responsabilidade compartilhada, que exige comprometimento de todos os envolvidos, da aviação comercial à aviação executiva e geral”, disse.

Acidentes são mais comuns na aviação geral

Incidentes e acidentes são mais frequentes na aviação geral — que inclui aeronaves menores, muitas vezes privadas — do que na aviação comercial.

Mike Ginter, vice-presidente do Instituto de Segurança Aérea da Associação de Proprietários e Pilotos de Aeronaves, afirmou que, embora os acidentes nessa categoria sejam mais numerosos, a maioria não é fatal.

“No ano passado, tivemos 195 fatalidades, mas esse número está em queda. Foi o ano mais seguro da história da aviação geral nos últimos 32 anos”, disse.

Atualmente, há cerca de 205 mil aeronaves de aviação geral nos EUA, e o setor tem trabalhado constantemente para melhorar sua segurança.

O que vem a seguir?

As investigações do NTSB sobre os recentes incidentes podem levar mais de um ano para serem concluídas, mas mudanças já estão sendo implementadas.

A FAA, por exemplo, adotou uma das recomendações urgentes do NTSB sobre operações de helicópteros no espaço aéreo do Aeroporto Reagan, após a colisão de janeiro.

Enquanto isso, pilotos seguem extremamente atentos aos momentos de decolagem e pouso.

“Não é um foguete, mas a quantidade de fatores convergindo nesses momentos é enorme. A margem de erro é mínima”, disse Tajer. “Sempre estamos atentos, mas nessas fases do voo, é preciso estar no nível máximo de alerta.”

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Via CNN

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