Líderes de seis partidos da oposição no Senado Federal publicaram nesta sexta-feira (19) um manifesto conjunto que critica a operação da Polícia Federal (PF) contra o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) e põe em dúvida a atuação do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes à frente das investigações sobre o 8 de Janeiro.
“Em primeiro lugar, apoiamos qualquer investigação que tenha por fim apurar graves ilícitos. Contudo, vivemos num Estado de Direito e as investigações devem respeitar o juízo natural, os direitos e garantias individuais, as prerrogativas do exercício do mandato parlamentar e o devido processo legal”, diz o documento.
Carlos Jordy, líder da oposição na Câmara dos Deputados, foi um dos alvos da 24ª fase da Operação Lesa Pátria, realizada na quinta-feira (18). Agentes da PF cumpriram mandados de busca e apreensão no gabinete do parlamentar na Câmara e em um endereço ligado a ele no Rio de Janeiro.
Segundo apurou a CNN, a suspeita é que Jordy tenha ajudado a coordenar atos antidemocráticos no Rio, incluindo um em Goytacazes, e bloqueio de rodovias. Demais alvos da operação, conforme verificou a CNN, são pessoas que ficaram acampadas em frente à 2ª Companhia de Infantaria em Campos dos Goytacazes.
A busca e apreensão nos endereços de Jordy foram pedidas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e autorizadas por Alexandre de Moraes. Para os líderes que assinam o manifesto, a atuação de Moraes gera “desconfiança”.
“A atuação do Ministro é, sim, questionável, e não tem amparo na Constituição Federal, na Lei Orgânica da Magistratura e no Código de Processo Penal. Ele não tem imparcialidade para os processos dos atos de 8 de janeiro de 2023, é supostamente vítima, investigador e julgador. Ele comenta e concede entrevistas sobre processos que estão sob julgamento e opina sobre fatos ainda não julgados”, afirma o manifesto.
Assinam o documento os senadores:
- Rogério Marinho (PL) – Líder da Oposição no Senado
- Ciro Nogueira (PP) – Líder da Minoria no Senado
- Flávio Bolsonaro (PL) – Líder da Minoria no Congresso
- Carlos Portinho (PL) – Líder do PL no Senado
- Tereza Cristina (PP) – Líder do PP no Senado
- Mecias de Jesus (Republicanos) – Líder do Republicanos no Senado
- Izalci Lucas (PSDB) – Líder do PSDB no Senado
- Eduardo Girão (Novo) – Líder do Novo no Senado
A CNN antecipou que a operação havia causado indignação entre os parlamentares de oposição na Câmara e no Senado. Deputados da oposição também articulam uma “reação virtual em massa” contrária às buscas nos endereços de Jordy.
Como o Congresso está em recesso, os deputados estão com dificuldade de organizar um ato presencial em defesa do parlamentar bolsonarista.
O que diz Jordy
Jordy usou as redes sociais para se manifestar a respeito da operação. Segundo ele, trata-se de “uma medida autoritária, sem fundamento, sem indício algum, que somente visa perseguir, intimidar e criar narrativa às vésperas de eleição municipal”.
“É inacreditável o que nós estamos vivendo. Esse mandado de busca e apreensão, determinado pelo ministro Alexandre Moraes, é a verdadeira constatação de que nós estamos vivendo uma ditadura. Eu, em momento algum do 8 de janeiro, incitei, falei para as pessoas que aquilo ali era correto, pelo contrário, em momento algum eu estive nos quartéis-generais quando estava acontecendo todos aqueles acampamentos.”
“Nunca apoiei nenhum tipo de ato anterior ou depois no 8 de janeiro, embora as pessoas tivessem todo o seu direito de fazer suas manifestações contra o governo eleito”, acrescentou o parlamentar.
O STF afirmou que, por ora, não vai se manifestar sobre as acusações feitas por Carlos Jordy.
*Com informações de Jussara Soares e Pedro Venceslau, da CNN
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