O Irã acelerou a produção de urânio enriquecido a 60%, segundo relatório confidencial da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) obtido pelas agências Reuters e AFP. Até 17 de maio, o país acumulava 408,6 kg do material, um aumento de 50% em relação ao relatório anterior, divulgado em fevereiro. O nível de pureza está próximo dos 90% necessários para fabricar armas nucleares.
De acordo com a AIEA, são necessários 42 kg de urânio com 90% de pureza para produzir uma bomba atômica. “Este aumento considerável na produção e no acúmulo de urânio altamente enriquecido pelo Irã, o único Estado sem armas nucleares que produz esse tipo de material nuclear, é motivo de grande preocupação”, escreveu a agência da ONU, no relatório confidencial.
O documento também informa que o Irã conduziu atividades nucleares secretas com material não declarado em três locais: Lavisan-Shian, Varamin e Turquzabad. Segundo a Reuters, a aceleração no enriquecimento reacendeu pressões diplomáticas.
O governo iraniano classificou o documento como “politicamente motivado”. Teerã afirmou que tomará “medidas apropriadas” caso o conselho decida agir contra o país. O país alega que suas atividades nucleares têm fins pacíficos.
Irã: potências ocidentais preparam resposta formal
Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha planejam apresentar uma resolução ao conselho da agência na próxima reunião, marcada para a semana de 9 de junho. Caso aprovada, será a primeira vez em quase 20 anos que o Irã será formalmente considerado em descumprimento das obrigações com o órgão.
A AIEA considera insatisfatória a cooperação do Irã. A agência ainda cobra explicações sobre vestígios de urânio encontrados em dois dos quatro locais investigados. O relatório também reúne conclusões sobre experimentos anteriores, agora descritos com mais clareza como parte de um programa nuclear não declarado.