Início Ciência e tecnologia Inovação: deve ser cultura de todos ou estrutura com poucos?

Inovação: deve ser cultura de todos ou estrutura com poucos?

0

Você já parou pra pensar se o segredo para inovar é ter uma área de inovação bonitona ou, na real, espalhar a inovação como quem espalha manteiga no pão por toda a empresa?

Essa dúvida atormenta líderes por aí, que quebram a cabeça pra decidir o que é mais eficiente: criar um time ninja ou fazer todo mundo virar mestre em pensar fora da caixa.

Bora descomplicar esse dilema e explorar o que funciona – com fatos, histórias e uns bons puxões de orelha.

Começa pelo básico: qual o apetite pra inovar?

Antes de tudo, não dá pra ignorar a pergunta óbvia: sua empresa tem sede de inovação ou é mais do tipo “devagar e sempre”? E mais: já existe uma cultura de inovação ou tudo ainda é um grande terreno baldio? Isso faz toda a diferença no caminho que você vai escolher.

Não adianta botar foguete na mão de quem prefere uma charrete.

O apetite está ligado a maturidade na empresa no fator inovação e o quanto ela já faz e sabe fazer.

A Deloitte, em seu estudo “Scaling Edges”, é categórica: o mundo tá mudando mais rápido que meme na internet, e quem não se mexer vai virar peça de museu. Eles sugerem focar em “edges” – áreas pequenas e específicas onde dá pra testar ideias, gastar pouco e, se der ruim, o estrago é pequeno. É como colocar a ponta do pé na água antes de mergulhar. Genial, né?

Por que começar pequeno é genial?

O conceito de “Scaling Edges” dá aquele tapa na cara de quem acha que inovação é sair reformando tudo de uma vez. Em vez disso, o truque é criar um grupo focado, protegido das demandas do dia a dia, onde dá pra errar à vontade. É nessa zona que a criatividade floresce.

Exemplo clássico: Magazine Luiza. Começaram com uma equipe que parecia mais um laboratório de tecnologia do que uma área de inovação. Deram tempo, dinheiro e liberdade pra eles experimentarem. O resultado? Transformaram o varejo brasileiro e, ainda por cima, viraram case de sucesso quando o mercado tava mais travado que reunião às 18h de sexta.

Área dedicada ou cultura disseminada?

Se sua empresa ainda tá engatinhando na inovação, criar uma área dedicada é quase obrigatório. Pense nela como um tanque de ensaio, onde os KPIs são criados e as ideias mais doidas são testadas sem medo.

Por outro lado, se a cultura de inovação já tá no DNA da empresa, faz mais sentido espalhar a responsabilidade pra todo mundo – da tia do café ao CEO. Assim, as ideias brotam onde menos se espera.

Cultura é o chão firme da inovação: sem ela, a casa cai.

Agora, não adianta nada criar um time se o resto da empresa olha torto pra quem tenta inovar. Sem uma cultura que abrace erros e celebre experimentos, é só questão de tempo até tudo ir por água abaixo.

Empresas que conseguem fazer da inovação um hábito, e não só um departamento, são as que lideram seus mercados. Quer dados? A McKinsey descobriu que empresas com culturas inovadoras têm 2,5 vezes mais chances de serem líderes em seus setores. Nada mal, hein?

Então, o que a ciência diz?

Segundo a Revista Gestão e Secretariado, empresas com culturas voltadas para inovação apresentam melhores resultados em criatividade e adaptação (Rodrigues & Vilha, 2023). E Cameron & Quinn (2011) reforçam que o ambiente certo é o que mais impacta no desempenho inovador. Ou seja, não adianta ter o melhor time se o terreno não for fértil.

No fim das contas, escolher entre uma área de inovação dedicada ou jogar a cultura de inovação pra toda a empresa é como decidir entre um café espresso ou um coado. Vai depender do gosto, da intensidade desejada e da urgência do efeito.

Empresas que estão começando talvez precisem daquele empurrão inicial com uma área dedicada, enquanto as mais maduras podem colher mais frutos dando asas à criatividade em cada setor.

No fundo, a inovação é mais sobre persistência e menos sobre onde ela acontece. Se a liderança tiver compromisso de cultivar um ambiente propício, tanto faz se é com uma equipe de ninjas da inovação ou com uma horda de colaboradores inquietos.

A decisão entre uma área de inovação ou a disseminação dessa cultura depende do contexto da sua empresa. O importante é ter coragem pra testar, aprender e ajustar o rumo.

O que não pode é ficar parado, achando que “tá tudo bem”. Spoiler: não tá.

Então, bora mexer os pauzinhos, experimentar algo novo e ver o que funciona. Porque, no fim das contas, inovar não é sobre estruturas ou cargos, mas sobre mentalidade. É sobre ter a ousadia de desafiar o óbvio e construir algo que faz diferença.

Agora me conta: o que você acha que faz mais sentido para sua empresa?

* Especialista de Inovação e criador do canal Elefante Limonada

Referências

  • Deloitte Insights. (2019). Scaling Edges. Disponível em: Deloitte
  • Dobni, C. B. (2008). The Innovation Culture: The Role of Organizational Culture in Innovation Performance. Journal of Business Research.
  • Gallup. (2021). State of the Global Workplace. Disponível em: Gallup
  •  McKinsey & Company. (2020). The Innovation Commitment: How to Make Innovation Work in Your Organization. Disponível em: McKinsey
  • Rodrigues, E., & Vilha, A. M. (2023). Cultura organizacional como elemento estratégico para inovação tecnológica. Revista GeSec.
  • Zhu, Y., & Engels, J. (2014). Cultural Dimensions and Innovation Performance. International Journal of Innovation Management.

Via CNN

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Sair da versão mobile