O Hezbollah, grupo terrorista apoiado pelo Irã, mantém sua presença armada e estrutura militar no sul do Líbano, mesmo depois dos intensos ataques israelenses realizados principalmente em 2024.
As informações são da Alma Research, entidade especializada em inteligência militar no norte de Israel.
As ofensivas israelenses foram motivadas pela tentativa de desmantelar a infraestrutura militar do grupo, que inclui túneis subterrâneos usados para movimentação de armas e combatentes, além de lançamentos frequentes de projéteis.
Segundo a Alma, cerca de um terço das casas em vilarejos xiitas no sul do Líbano são usadas para armazenar armas e lançar foguetes contra Israel.
Durante as operações recentes, Israel destruiu dezenas de entradas desses túneis e diversas instalações do Hezbollah, mas o grupo continua ativo e resiliente, garante a Alma.
Além disso, o Hezbollah conta com apoio da população local e infiltrações nas forças armadas libanesas, o que dificulta o controle do governo libanês sobre o território.
O cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah entrou em vigor em 27 de novembro de 2024, depois de meses de intensos confrontos em função dos ataques do Hamas a Israel em outubro de 2023.
O Hezbollah, mesmo xiita, iniciou ataques em solidariedade ao grupo terrorista de Gaza, essencialmente sunita.
O acordo foi assinado por Israel, Líbano e cinco países mediadores, incluindo os Estados Unidos (EUA), e estabeleceu uma pausa de 60 dias nas hostilidades.
O acordo determinou que as forças israelenses se retirassem do sul do Líbano, enquanto o Hezbollah deveria deslocar suas forças e armamentos pesados para norte do rio Litani.
Além disso, o exército libanês assumiria o controle da região, com apoio de uma força de paz internacional liderada pelos EUA e França.
Apesar do cessar-fogo, houve violações de ambas as partes, admite a Alma. Israel acusa o Hezbollah de movimentações militares no sul do Líbano, enquanto o grupo libanês alega que Israel não cumpriu totalmente sua retirada da região.
“Desde o início do cessar-fogo, Israel vem realizando ataques diários em resposta a ameaças e violações dos termos do acordo por parte do Hezbollah”, relata a entidade.
“Os alvos dos ataques são locais militares do Hezbollah, bem como integrantes da organização (eliminação de militantes).”
Os meses de dezembro de 2024 e de março de 2025 registraram os maiores números de ataques israelenses desde o início do conflito, relata a entidade. Em dezembro, foram contabilizadas 84 ofensivas; em março, outras 80.
Em ambos os períodos, os ataques aconteceram, segundo a Alma, em resposta a lançamentos de foguetes do território libanês contra Israel.
Combatentes do Hezbollah
Desde o anúncio do cessar-fogo, já foram identificadas 84 eliminações confirmadas de integrantes do Hezbollah. Vale destacar que as Forças de Defesa de Israel (FDI) declaram que este número pode ser ainda maior.
A estimativa oficial é de mais de 140 combatentes mortos. No entanto, esse levantamento mais preciso leva em conta apenas os casos divulgados com nome e função confirmados.
Os militantes mortos atuavam em diversas frentes: reconstrução de infraestrutura militar, reorganização operacional, coleta de inteligência, planejamento de atentados e transporte de armamentos.
Os analistas da Alma consideram que estes dados evidenciam que, mesmo durante o período de trégua formal, o Hezbollah mantém atividades militares de forma sistemática e coordenada.