O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, anunciou nesta terça-feira, 3, a imposição de restrições de visto para vários funcionários de governos da América Central. Os EUA não divulgaram os nomes nem os países de origem dos alvos das sanções. Rubio afirmou que essas autoridades participam de missões médicas cubanas e teriam envolvimento em práticas de trabalho forçado e exploração de profissionais da saúde.
“Essas medidas promovem a responsabilização daqueles que apoiam e perpetuam práticas exploratórias”, disse. O republicano acrescentou principalmente que o programa de exportação de mão de obra mantido por Cuba “abusa dos participantes. Segundo ele, o processo “enriquece o regime corrupto cubano e priva os cidadãos de atendimento médico essencial”.
Cuba nega acusações dos EUA
O governo cubano, liderado por Miguel Díaz-Canel, não respondeu imediatamente aos questionamentos da imprensa. Havana, porém, nega a acusação há décadas. Afirma tratar-se de uma campanha difamatória. Desde fevereiro, Rubio já havia ampliado uma política de restrição de vistos contra autoridades cubanas envolvidas no envio de trabalhadores ao exterior, especialmente no setor de saúde.
Desde a revolução socialista de 1959, Cuba mantém o que chama de “exército de jalecos brancos”, que atua em zonas de desastre e em surtos de doenças ao redor do mundo, em nome da solidariedade. Na última década, médicos cubanos participaram do combate à cólera no Haiti e ao ebola na África Ocidental.
Além de ações humanitárias, o governo cubano ampliou, nas últimas décadas, o envio de médicos para missões rotineiras em diversos países, em troca de dinheiro ou bens. Essa prática se tornou vital para a economia do país, que enfrenta uma crise financeira profunda e prolongada.
Brasil recebeu mais de 8 mil médicos
O Brasil, inclusive, foi um dos destinos mais expressivos desse programa. Entre 2013 e 2018, durante o governo Dilma Rousseff (PT), mais de 8 mil médicos cubanos atuaram no programa Mais Médicos. O acordo foi alvo de críticas. Entidades apontavam que parte dos salários dos profissionais era retida pelo governo cubano, o que caracterizaria exploração.
As relações entre Cuba e os Estados Unidos permanecem tensas desde que Fidel Castro assumiu o poder, em 1959. Desde então, os EUA mantêm um embargo econômico e comercial contra a ilha, que já dura mais de seis décadas.
Marco Rubio, filho de imigrantes cubanos que se mudaram para a Flórida nos anos 1950, tem histórico de forte oposição ao regime comunista de Havana. Ele foi crítico das tentativas de reaproximação durante o governo de Barack Obama e, nos últimos meses, endureceu ainda mais seu discurso. Entre suas ações, está o cancelamento de uma iniciativa da gestão Biden que buscava aliviar sanções econômicas e facilitar o envio de recursos para a ilha caribenha.