O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), classificou os envolvidos no 8 de janeiro como “falsos patriotas” e “falsos religiosos”, durante seu discurso em cerimônia na Corte que relembra um ano dos atos.
“Falsos patriotas que não respeitam os símbolos da pátria. Falsos religiosos que não cultivam o bem, a paz e o amor. Desmoralizaram Deus e a bandeira nacional”, afirmou.
Relembrando o dia em que os edifícios que abrigam os Três Poderes foram invadidos, o ministro afirmou que as cenas representaram a “mais profunda e desoladora derrota do espírito”.
“Uma espécie de alucinação coletiva. Milhares de pessoas, aparentemente comuns, insufladas por falsidades, teorias conspiratórias, sentimentos antidemocráticos e rancor. Foram transformadas em criminosas, aprendizes de terroristas.”
O presidente do STF afirmou ainda que a Corte vai manter viva a memória dos atos de 8 de janeiro para que episódios semelhantes não se repitam. “Jamais esqueceremos”, afirmou.
“E estamos aqui para manter viva a memória do episódio que remete ao país que não queremos. O país da intolerância, do desrespeito ao resultado eleitoral, da violência destrutiva contra as instituições. Um Brasil que não parece com o Brasil.”
“No 8 de janeiro constatamos as consequências dramáticas da incivilidade, dos discursos de ódio e da desinformação”, declarou. “Hora de fazer diferente e retomarmos os ideais iluministas e civilizatórios da Constituição de 1988.”
Barroso relatou o que chamou de “cenário de barbarie” quando viu a destruição do STF. Ele chamou os vândalos de “extremistas” que “vivem de inventar inimigos”.
A declaração foi feita durante a abertura da exposição “Após 8 de janeiro: Reconstrução, memória e democracia”, no STF. A solenidade marca um ano dos ataques às sedes dos Três Poderes.
Participaram do evento os ministros Gilmar Mendes, Cármen Lúcia, Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin.
A ministra aposentada do Supremo, Rosa Weber, também participou. A magistrada era a presidente da Corte no dia dos ataques e comandou a reconstrução do plenário e do edifício-sede do tribunal.
Também estiveram presentes no evento o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Beto Simonetti.
De acordo com a Corte, a exposição é voltada à preservação da memória institucional do Supremo e mostra cenas que simbolizam tanto a resistência diante da retomada das atividades do tribunal quanto os esforços das equipes envolvidas na reconstrução e restauração do patrimônio.
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