A Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) divulgou nota de repúdio à carta te encaminhada nesta quarta-feira, 28, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assinada por representantes da esquerda. O texto solicita o rompimento de relações do Brasil com o Estado de Israel.
O documento teve a assinatura de artistas, acadêmicos, congressistas e militantes alinhados à agenda do movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), conhecido por sua postura hostil a Israel. Segundo a Fisesp, o manifesto “ignora de maneira alarmante o contexto que levou à atual situação.”
“É inadmissível que, passados exatos 600 dias do maior massacre de judeus desde o Holocausto, os signatários da carta sequer mencionem os atos brutais cometidos pelo grupo terrorista Hamas em 7 de outubro de 2023”, relata a entidade.
“Neste ataque covarde e deliberado contra civis israelenses, mais de 1,2 mil pessoas foram assassinadas, incluindo mulheres, crianças e idosos, centenas foram feridas e mais de 240 sequestradas.”
Brasil e Israel mantêm relações diplomáticas desde 1949, marcadas por cooperação em agricultura, tecnologia e defesa, entre outras áreas. O Brasil teve papel central na criação do Estado de Israel, presidindo a ONU durante a votação da Partilha da Palestina em 1947.
A nota também menciona que o grupo terrorista ainda mantém em cativeiro parte das pessoas que foram sequestradas no ataque em Israel.
Até 13 de maio último, 148 reféns foram libertados ou resgatados. Desses, 105 foram liberados em acordos de cessar-fogo em 2023, oito foram resgatados pelas forças israelenses.
Atualmente, 58 reféns permanecem sob custódia do Hamas. Do total, 57 foram sequestrados em 7 de outubro de 2023 e um foi capturado anteriormente. Estima-se que pelo menos 34 desses reféns estejam mortos, com base em informações de inteligência das Forças de Defesa de Israel (FDI).
A libertação de todos os reféns, inclusive, é a condição básica para que a guerra seja encerrada.
“Até hoje, 58 reféns seguem em cativeiro em Gaza, submetidos a condições desumanas e constantes violações dos direitos humanos mais básicos.”
Com uma indignação poucas vezes vista em suas declarações, a Fisesp critica os que aderiram a esse movimento, considerado antissemita pela entidade.
“O silêncio quanto a esses fatos configura, no mínimo, é uma distorção intencional da realidade, ou, no pior dos casos, uma cumplicidade moral com o terrorismo.”
O antissemitismo, neste sentido, está relacionado à negação do direito da existência de uma nação judaica.
“Reiteramos que Israel tem o direito inalienável de existir em paz e de se defender de ameaças existenciais, especialmente quando essas ameaças partem de organizações que, publicamente, negam o direito à vida do povo judeu e pregam sua aniquilação”, ressalta a direção da Fisesp.
“O Estado de Israel é uma democracia plural, comprometida com os direitos de seus cidadãos, judeus, árabes, cristãos, drusos e outros e com os valores que fundamentam o Ocidente democrático.”
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Para a Fisesp, o governo brasileiro não pode se render a esse tipo de ideologia, que, no fim das contas, acaba aprovando a violência do Hamas.
“O Brasil sempre teve um papel de destaque na diplomacia internacional e deve zelar por uma posição equilibrada e responsável, e não se curvar à pressão de grupos que, sob o pretexto de direitos humanos, promovem uma narrativa ideológica que ignora os fatos mais elementares do conflito.”
As vítimas palestinas neste conflito também foram lembradas no texto.
“A Fisesp se solidariza com todas as vítimas da violência, sejam israelenses ou palestinas, e reitera seu compromisso com a paz duradoura, que só poderá ser alcançada com o fim do terrorismo, o desarmamento do Hamas e o reconhecimento mútuo entre os povos”, declarou a Fisesp, que completou.
“A história exigirá responsabilidade de todos os que, neste momento, escolhem ignorar a dor alheia para atender interesses ideológicos.”