Entre os muitos pequenos insetos que convivem com a humanidade, poucos são tão comuns quanto as formigas. Contudo, elas estão neste planeta muito antes do primeiro homem — e o Brasil é o lar do fóssil mais antigo já encontrado do bicho.
A descoberta aconteceu a partir da análise de um fragmento com origem no Crato, uma área do semiárido no Ceará, feita por um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). De acordo com os cientistas, o fóssil mais antigo de uma formiga tem 113 milhões de anos.
O tempo o coloca no Cretáceo, junto com os dinossauros. O tamanho, entretanto, segue o padrão dos insetos que convivem com os humanos atualmente — aliás, existem espécimes bem maiores hoje em dia, mesmo no Brasil.
O fóssil mostra que o exemplar mais antigo de uma formiga é da espécie Vulcanidris cratensis. Faz parte de um grupo extinto chamado formigas-do-inferno. O nome não é por causa das colônias embaixo da terra ou pelo incômodo constante das espécies que a cercavam. O motivo são os “chifres diabólicos” na cabeça.
O tamanho do fóssil mais antigo de uma formiga
Ao morrer, o espécime fossilizado tinha 1,35 cm. É menos da metade da maior espécie atualmente viva — a Dinoponera gigantea, que chega a 4 cm e vive em áreas da floresta Amazônica no Peru e no Brasil. Outra característica inusitada do bicho de 113 milhões de anos atrás são as mandíbulas. As presas se movimentavam para cima e para baixo — diferente das formigas atuais, cujo movimento é para os lados.
A descoberta corrobora a tese de que esses animais surgiram em um período entre 120 milhões e 160 milhões de anos atrás, evoluindo a partir das vespas ou das abelhas.
De acordo com Anderson Lepeco, a formiga do fóssil mais antigo da espécie “provavelmente seria confundida com uma vespa por um olho destreinado”. Ele é o principal autor da pesquisa.
