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cidade sagrada de Israel é centro de tecnologia

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O Rei Davi conquistou Jerusalém e a definiu como a capital do Reino de Israel. Naquele momento, em 1 mil a.c, ela se tornou centro político e espiritual. Depois, seu filho, Salomão, entre 970 a.c e 930 a.c, construiu o Primeiro Templo e a transformou em símbolo da religião judaica.

Os milênios seguintes foram de disputas pelo controle de seus locais sagrados que fizeram Jerusalém ser a imagem da fé. Mas, a partir do século 21, a cidade milenar de pedra dourada ganhou outra conotação: a de núcleo de pesquisas, ao se tornar o que hoje se chama uma hub (centro) de tecnologia.

O ponto de partida para o atual modelo ocorreu nos idos de 1988, na penúltima gestão do prefeito Teddy Kollek, um defensor do sionismo desde os seus tempos de vice-chefe de inteligência da Agência Judaica. Naquele ano, foi criada a Jerusalem Development Authority (JDA).

O objetivo era, em meio à pressão sobre Israel, em relação ao status da cidade, encontrar uma maneira de, por meio do desenvolvimento, consolidar Jerusalém como a capital da nação judaica. O projeto tinha a participação do governo do país.

“Em cooperação com o governo e a Prefeitura de Jerusalém, a JDA opera um plano de investimento de longo prazo, incluindo amplos investimentos na criação e modernização de infraestruturas físicas e tecnológicas e no desenvolvimento da economia e do emprego em áreas nas quais Jerusalém oferece vantagens competitivas”, relata o portal da entidade.

A JDA opera sob a supervisão conjunta do Ministério das Finanças de Israel; do Ministério da Jerusalém e Patrimônio e da Prefeitura de Jerusalém. Como uma pesquisa de incubadora, demorou um tempo para que a cidade se transformasse em um centro de tecnologia. Isso ocorreu mais a partir do final dos anos 1990.

Segundo a diretora da Câmara Brasil Israel de Comércio e Indústria (Bril Chamber), Juliana Kraiser, a política de incentivo à inovação em Israel sempre foi, desde a sua fundação em 1948, uma política de Estado e não de governo.

“Independentemente do governante incumbente, o investimento em pesquisa e desenvolvimento é garantido”, afirma Juliana a Oeste.

“E ousar, pensar fora da caixa, imaginar o impossível é incentivado. O principal órgão fomentador de tamanha inovação tecnológica é o Israel Innovation Authority (ou Autoridade de Inovação de Israel, IIA). Israel também tem uma taxa altíssima de investimento em pesquisa e desenvolvimento [P&D], que está em mais de 5% de um PIB de US$ 600 bilhões.”

A transformação de Jerusalém, que ampliou sua condição de cidade sagrada para uma grande incubadora científica, foi consequência do modelo da IIA, uma organização governamental que oferece uma variedade de programas de investimento para empreendedores e empresas dos mais variados tamanhos.

“O IAA teve grande importância na transformação de Jerusalém em um polo de inovação uma vez que, juntamente com o Ministério de Jerusalém e Patrimônio, criou programas específicos para estimular o empreendedorismo na cidade”, conta ela.

“Empresas que se instalassem ou se transferissem para Jerusalém receberiam incentivos fiscais, subsídios e apoio financeiro.”

Atualmente, o setor de biotecnologia na cidade recebe cerca de US$ 1,7 bilhão em investimentos, com algo em torno de 150 empresas operando na área. Jerusalém possui mais de 600 startups e 15 aceleradoras e espaços de coworking, apoiadas por fundos de capital de risco como OurCrowd e Jerusalem Venture Partners.

A JDA investiu em iniciativas como o Margalit Startup City, um centro de inovação de 50 mil m² que abriga startups e multinacionais, além de centros de pesquisa e desenvolvimento.

Há também a participação da Universidade Hebraica de Jerusalém e de centros como o Jerusalem Technology Park, Jerusalem College of Technology, Jerusalem Foundation e o Instituto Van Leer.

O empreendedor Elie Wurtman contou, ao NoCamels, que os responsáveis por mais de 50% da produção de Israel como a Startup Nation, cresceram em Jerusalém.

Um deles é Noam Bardin, ex-CEO da Waze, assim como um dos fundadores da empresa israelense de cibersegurança Check Point Software Technologies, Gil Shwed.

Ele também incluiu na lista quatro dos fundadores da ironSource, um unicórnio que desenvolve ferramentas para desenvolvedores de apps, vieram da cidade. Também há um fundador da Mellanox que nasceu em Jerusalém.

A fabricante israelense de chips alugou um espaço de 300 metros quadrados no parque tecnológico de Jerusalém para seu sexto centro de P&D no país.

A presença crescente da alta tecnologia está mesmo mudando esse cenário da cidade, segundo o The Times of Israel. Em 2017, a Mobileye, criada em 199 na cidade, se tornou a maior história de sucesso da alta tecnologia israelense ao ser vendida para a Intel por US$ 15,3 bilhões (R$ 85,5 bilhões).

Produtos inovadores têm sido lançados constantemente. A Housetable, por exemplo, tem por objetivo enfrentar um problema comum no financiamento de reformas: bancos avaliam o imóvel pelo seu valor atual e desconsideram o aumento potencial depois da obra, o que dificulta a concessão de crédito.

Para contornar isso, a empresa utiliza inteligência artificial para estimar o valor futuro do imóvel, depois da reforma, e oferece empréstimos baseados nessa projeção, o que beneficia proprietários que têm dificuldade de acesso ao crédito tradicional.

A SolidBlock também atua no mercado imobiliário, que normalmente exige alto investimento e baixa liquidez. A empresa utiliza tecnologia blockchain (que guardam informações por meio digital) para dividir digitalmente os imóveis em cotas menores.

Em tese, isso permite que investidores comprem partes fracionadas e possam negociar essas cotas com maior facilidade. Essa prática busca facilitar o acesso ao mercado imobiliário.

Muitas vezes, as startups criam uma narrativa que infla a funcionalidade e a originalidade de seus serviços, é verdade. No entanto, por mais que isso ocorra em alguns casos, as plataformas podem ajudar muita gente a aprender, encontrar inspiração ou até se conectar com outras pessoas com interesses parecidos. Isso ajuda a movimentar o mercado.

Jerusalém, tecnologia e ciências da vida

A região de Jerusalém também consolidou um forte ecossistema de pesquisa e desenvolvimento em áreas como biotecnologia, farmacêutica, saúde digital e tecnologia médica, com um histórico de inovação e sucesso em nível global.

O Startup Genome Report de 2019 revela que Tel Aviv e Jerusalém ficaram em 6º lugar no ranking de ecossistemas globais de tecnologia, com destaque para a força de Jerusalém em ciências da vida (life sciences), biotecnologia e IA, com cerca de 150 empresas do setor.

A Start‑Up Nation Central, organização sem fins lucrativos responsável pelo Finder (aplicativo que conecta startups), menciona que Jerusalém abriga cerca de 130 empresas de ciências da vida.

Entre elas estão empresas de saúde digital, dispositivos médicos e farmacêuticas. Os dois relatórios confirmam que Jerusalém está entre os 10 principais centros globais de ciências da vida.

A evolução de Jerusalém, como Capital Tech, não irá parar por aí, garante Juliana, da Bril Chambers.

“A expectativa é a de que Jerusalém continue crescendo como um polo de tecnologia e inovação”, prevê a diretora da entidade.

“Os incentivos fiscais e dos orgãos governamentais continuam ativos e há um crescimento constante no número de patentes, especialmente em biotecnologia, healthtech, IA, computer vision, mobilidade, cybersecurity e govtech.

Outra vantagem é que as inovações, na cidade, podem ser testadas e ajudarem na formação de profissionais de ponta.

“Há também uma alta taxa de retenção de talentos locais, devido às parcerias institucionais com a Universidade Hebraica de Jerusalem, com o Hadassah Medical Center e com o Azrieli College of Engineering”, completa Juliana, sobre a cidade que, no mundo, mais une religião e ciência.

Via Revista Oeste

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