Graças à sua posição central, Minas Gerais costuma ser apontado como um estado que resume o Brasil. No Carnaval, a capital mineira faz jus a essa comparação.
A folia em Belo Horizonte tem atrações de todos os tipos, ritmos e gostos, com blocos para quem já passou e se acostumou com a festa em cidades como Recife, Salvador, Rio e São Paulo.
A seguir, a jornalista, escritora e curadora de cultura e gastronomia Lorena Martins compartilha um roteiro de Carnaval em Belo Horizonte. Além do agito, ela destaca endereços para comer e beber bem, já que recuperar as energias faz parte do pacote:
Sexta-feira, 28 de fevereiro
O primeiro dia oficial de Carnaval é o dia do bloco Fúnebre. O cortejo desce da Praça da Bandeira com muita gente vestida de caveirinhas mexicanas, celebrando a renovação da vida. Começa à meia-noite, mas a concentração está marcada para as 23h.
O cortejo de 2025 é inspirado no poema “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto, e o bloco mergulha nas histórias do povo sertanejo, retratando seus desafios, resistência e força. Esse é um dos únicos blocos que saem mais à noite na cidade.
Sábado, 1º de março
Para os carnavalescos oficiais, geralmente o encerramento do bloco Fúnebre encontra o início do bloco Então Brilha, que sempre marca o começo oficial do Carnaval de Belo Horizonte. Todos os anos, a concentração acontece sempre ao raiar do sol e, em 2025, o ponto de encontro será na Avenida do Contorno, esquina com a Rua Curitiba, no coração do Centro da cidade.
O repertório mistura axé, música brasileira e composições autorais da banda. Neste ano, o Então Brilha comemora 15 anos e receberá a participação da cantora pernambucana Duda Beat — ou seja, a previsão é que o bloco ganhe ainda mais foliões.
E que tal almoçar? A Cervejaria Octopus estará aberta na Savassi durante o Carnaval. No dia 1º, a casa abre das 11h30 à 0h, com almoço até às 15h, com opções como parmegiana de berinjela com purê de batatas e molho branco veggie e ancho grelhado servido com chimichurri, arroz e fritas. O local fecha no domingo, mas de segunda a quarta funciona a partir das 16h, indo até 0h com mais de 17 torneiras de chopes artesanais.
No sábado à tarde tem o Bloco da Calixto, de Aline Calixto, uma das principais sambistas da cidade. Neste ano ela vai comemorar seu 10º cortejo com um repertório eclético que vai de clássicos do axé e do samba até sucessos dos anos 1980, assim como músicas de grandes artistas mulheres.
Vale mencionar que este foi o primeiro bloco comandado por mulheres no Carnaval de BH. Neste ano, o trajeto será na Avenida Amazonas, e a concentração será na esquina com a Rua São Paulo, às 13h, para aquecer o público e a banda até a hora da partida, prevista para as 14h.
Domingo, 2 de março
No domingo acontece o tradicional Beiço do Wando, com a melhor seleção de músicas românticas e um toque de brega. “Quero vê-la sorrir” é o tema escolhido para o Carnaval 2025. Extraída da música “Sandra Rosa Madalena”, de Sidney Magal, a temática deste ano une dois elementos que marcam o projeto carnavalesco: a valorização feminina e o aspecto nostálgico da música popular brasileira.
Como convidadas especiais, o bloco receberá ninguém menos que as integrantes do grupo Fat Family. O cortejo terá concentração a partir das 9h. O bloco sairá da Avenida Brasil, 1245 – Funcionários, em direção à Avenida Brasil, 845 – Santa Efigênia.
À tarde, o Bloco Fofoca traz releituras do carimbó para o Carnaval de BH. O gênero do Norte do Brasil, que tem origens e referências indígenas, africanas e portuguesas, ganha uma identidade nova para o desfile carnavalesco. Com muito ritmo paraense e um toque mineiro, a folia trará conscientização para as lutas dos direitos dos povos da Amazônia e a preservação da floresta como medida essencial para frear as mudanças climáticas.
A concentração está marcada para as 13h, na Rua Aarão Reis, 554 (em frente à Serraria Souza Pinto), e o cortejo começará às 14h.
Segunda-feira, 3 de março
Na segunda de manhã, o bloco Daquele Jeito apresenta o melhor do pagode baiano e axés clássicos de Xanddy Harmonia, Ivete Sangalo, Léo Santana, Tony Salles e Psirico — daqueles que sabemos cantar todas e dançar as coreografias. A concentração começa às 9h, na Rua da Bahia, na altura do número 1759, e o cortejo está marcado para as 10h.
Não tem ideia de onde comer, beber e descansar depois do bloquinho? Agora tem! Temporariamente fechado, o Forno da Saudade reabrirá as portas para servir como ponto de apoio durante o Carnaval, com uma programação de festas, eventos e atrações musicais. Localizado em uma pracinha do histórico bairro Carlos Prates, o local receberá na segunda-feira uma atração para quem gosta de ferver na pista: a festa eletrônica Love Paranoia, marcada para começar às 16h.
Para beber, haverá um bar especial vendendo cervejas da cervejaria Viela, drinques e o Jambrunão, eleita a bebida do Carnaval de Belo Horizonte em 2025. Ela é produzida na capital mineira com guaraná artesanal, jambu, cachaça e laranja. Para comer, haverá pizzas individuais, elaboradas pelo chef Henrique Gilberto. O Forno da Saudade fica na Rua Patrocínio, número 1 – Carlos Prates, e terá programação todos os dias de Carnaval.
Ainda na segunda, o Bar Pirex, na Galeria São Vicente, na Praça Raul Soares, bem no centro, terá um cardápio especial com porções práticas para o folião pausar entre um bloco e outro. Espetinho de coração com farofa, coxinha, rissole, empada de camarão, tropeiro e sanduíche de rosbife — dica do chef Caio Soter — são algumas das pedidas disponíveis durante o funcionamento, das 14h às 21h. A casa alerta: “Se sua porção favorita não estiver, experimente outra — Carnaval é sobre novas paixões”.
Terça-feira, 4 de março
Na terça-feira de manhã sai o bloco Juventude Bronzeada, que toca axé de todos os tempos na voz sensacional da artista Pri Glenda. Com o tema propício para o momento, “A Vida Presta”, o cortejo deste ano homenageia a atriz Fernanda Torres, uma das indicadas ao Oscar — e a gente torce para que seja um cortejo que celebrará também a sua vitória.
O desfile será acompanhado pelo rapper mineiro FBC e começará às 9h, na Avenida Assis Chateaubriand, no bairro Floresta.
Sobre Lorena Martins
Lorena K. Martins é jornalista, escritora e curadora de cultura e gastronomia. Trabalha no jornal O Tempo e espalha notícias e boas curiosidades sobre comida mundial no podcast “Gastrô”, disponível no Spotify e na rádio 91,7 FM. É diretora do documentário “Três Marias”, lançado em 2023, que homenageia as três matriarcas da cozinha mineira – Maria Stella Libânio (1918-2011), Dona Lucinha (1932-2019) e Nelsa Trombino (1938-2023).
Foi curadora gastronômica das edições de 2022, 2023 e 2024 da Virada Cultural de Belo Horizonte e assinou a curadoria das edições de gastronomia feminina do festival do Projeto Aproxima. Escreve, divulga e enaltece iniciativas de protagonismo feminino na cozinha, como o “Mapas das Minas” para a Bienal de Gastronomia de BH, e é autora do artigo “Cozinha mineira: sabores e saberes de um alicerce feminino” para o projeto “Cozinha Mineira Patrimônio”.
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