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Brasil entra na mira de sanções depois de ofensiva da Europa

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A União Europeia anunciou nesta terça-feira, 20, o 17º pacote de sanções contra a Rússia. A nova rodada de restrições mira navios da chamada shadow fleet, frota responsável por transportar petróleo russo a países como China, Índia e Brasil.

Mesmo sem interromper o comércio, a ofensiva já afeta os preços e ameaça atingir diretamente importadores brasileiros.

Segundo o chanceler Friedrich Merz, da Alemanha, “a Europa e a América estão muito unidas” para apoiar a “Ucrânia em seu caminho para um cessar-fogo”.

Ele acrescentou que o Velho Continente também deve aumentar a “pressão sobre Moscou por meio de sanções”.

A declaração, publicada na noite de segunda-feira 19, depois do encontro de líderes europeus com Donald Trump, sinalizou mais um passo na ofensiva econômica contra a Rússia.

Esse avanço, porém, amplia o alcance das medidas e coloca no radar das consequências os países que mantêm comércio de petróleo com Moscou — entre eles, o Brasil.

Em 2024, a Rússia se tornou o principal fornecedor de diesel ao Brasil. O país responde por quase dois terços das importações brasileiras do combustível.

A maior parte entra por meio de embarques que cruzam o Mar Báltico, os estreitos da Dinamarca e o Canal da Mancha, em um trajeto de 24 dias até o Porto de Santos.

A pressão internacional, no entanto, começa a gerar efeitos. A vantagem do diesel russo, que já chegou a ser R$ 0,15 por litro, caiu para R$ 0,03, segundo estimativas do setor.

Importação de diesel russo expõe Brasil ao impacto das sanções

A Petrobras, que responde por um terço das importações, evita comprar da Rússia e mantém fornecedores nos Estados Unidos, na Índia e em países árabes.

Já distribuidoras privadas, inclusive as maiores do país, reduzem gradualmente a dependência de produtos que possam enfrentar sanções.

O plano europeu inclui medidas mais duras. Autoridades já trabalham em um 18º pacote de sanções, com foco em petroleiros e no teto de preço para o barril russo.

A proposta do G7 prevê reduzir o limite de US$ 60 para US$ 50, o que tornaria o transporte menos lucrativo e aumentaria os riscos operacionais.

Nos bastidores, a França demonstra apoio à ideia de tarifas adicionais sobre países que mantêm laços comerciais com Moscou.

O ministro Jean-Noël Barrot citou como positiva a proposta do senador norte-americano Lindsey Graham, que defende sobretaxa de 500% sobre produtos russos e sobre os países que seguem negociando com o Kremlin.

A participação do diesel russo nas importações brasileiras saltou de 50,4% em 2023 para 63,6% em 2024, segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis.

O crescimento tem relação com o déficit da produção nacional, que cobre apenas 70% da demanda. Em visita recente à Rússia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu a dependência: “70% dos 30% é importado da Rússia.”

Além dos impactos econômicos, o novo cerco europeu ocorre em meio a incidentes diplomáticos. No último fim de semana, um caça russo violou o espaço aéreo da Estônia.

No mesmo período, a Marinha russa abordou um petroleiro grego em rota internacional. Os episódios elevam a tensão na região e aumentam os riscos para rotas de exportação.

O cenário geopolítico, somado ao risco de sanções indiretas, pressiona as empresas a reverem suas estratégias de importação.

Distribuidoras demonstram preocupação com a origem dos combustíveis

Enquanto chanceleres europeus prometem ampliar as medidas contra a Rússia, distribuidoras brasileiras já avaliam mudar de fornecedores. As empresas de capital aberto, como Vibra e Ipiranga, demonstram cautela com a origem dos combustíveis que chegam ao país.

Pequenas distribuidoras, no entanto, ainda operam com navios russos no modelo “entregue no porto”, no qual o fornecedor cuida de toda a logística. Se a pressão diplomática continuar, o setor prevê reajustes no preço final ao consumidor.



Via Revista Oeste

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