O ex-presidente Jair Bolsonaro articula uma reaproximação com governadores para definir o rumo da direita nas eleições presidenciais de 2026. Réu no Supremo Tribunal Federal (STF), ele oscila entre disputar a Presidência da República ou indicar um aliado para o pleito do próximo ano.
Bolsonaro sinaliza uma aproximação com os governadores Ronaldo Caiado (União), de Goiás; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; e Ratinho Júnior (PSD), do Paraná. Em contrapartida, Tarcísio de Freitas (Republicanos) reafirma sua candidatura à reeleição ao Palácio dos Bandeirantes.
O ex-presidente desembarca em Curitiba na próxima sexta-feira, 4, para um almoço com Ratinho. De acordo com o deputado federal Reinhold Stephanes Júnior (PSD-PR), a visita reforça a proximidade entre Bolsonaro e pessedistas, como Gilberto Kassab, presidente da sigla.
“Esta visita do presidente mostra que ele está muito próximo tanto do governador Ratinho, quanto de Kassab”, disse Reinhold. “Avalio que ele está evitando confrontos e mostrando que pode superar pequenas divergências por um bem maior.”
Além disso, segundo o jornal O Globo, Bolsonaro telefonou para Caiado nos últimos dias para construir uma relação amistosa. Interlocutores afirmam que o ex-presidente agradeceu ao governador pelo apoio à manifestação que pede anistia aos condenados pelos atos do 8 de janeiro.
Na sexta-feira 28, Bolsonaro elogiou Zema, chamando-o de “maior líder da oposição ao governo do PT”. Em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, Eduardo Ribeiro, presidente nacional do Novo, argumentou que a direita vive “um mar de incertezas” e destacou Zema como a “melhor” opção ao Palácio do Planalto.
“O Pablo Marçal é outro nome que poderia ocupar esse espaço, mas ficou inelegível depois da campanha à Prefeitura de São Paulo”, ressalta Eduardo. “Restam poucas opções, e entendemos que o Zema é a melhor, por causa da gestão Minas Gerais. O Estado estava quebrado pelo PT, economicamente destruído.”
Bolsonaro busca reduzir protagonismo de Tarcísio
Réu no STF, Bolsonaro busca aproximação com políticos favoráveis à anistia. Segundo O Globo, interlocutores alegam que o ex-presidente também procura reduzir o protagonismo de Tarcísio na corrida presidencial para manter sua relevância no pleito de 2026.
Durante participação no podcast Inteligência Ltda, Bolsonaro, em resposta a uma manifestação do jornalista Paulo Figueiredo, afirmou que “só passa o bastão depois de morto”. Na ocasião, Tarcísio alinhou-se ao posicionamento do ex-presidente e descartou a possibilidade de assumir a liderança do Executivo.
“É simples: meu candidato à Presidência da República é Jair Bolsonaro e eu vou ser candidato à reeleição em São Paulo”, disse o governador.
Bolsonaro convoca manifestação em São Paulo
A pauta da anistia se revela importante para Bolsonaro. O político convocou aliados e apoiadores para uma manifestação no próximo domingo, 6 de abril, na Avenida Paulista, em São Paulo. O ato visa a pressionar os congressistas pela aprovação do tema.
A convocação ocorre três semanas depois do ato expressivo organizado por Bolsonaro na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. O evento abordou pautas voltadas à defesa da liberdade, da Constituição e à revisão das punições contra os acusados do 8 de janeiro.