quarta-feira, abril 30, 2025
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Boeing e NASA pausam desenvolvimento do avião experimental

NASA e Boeing cancelam o desenvolvimento do X-66, avião com asa ultrafina e sustentável, e redirecionam o projeto para testes em solo

(Imagem: NASA / Divulgação)

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O ambicioso projeto da NASA em parceria com a Boeing para desenvolver um avião com asas ultrafinas e sustentação em treliça foi interrompido. O modelo experimental X-66, também conhecido como Transonic Truss-Braced Wing (TTBW), teve seu desenvolvimento suspenso, e os esforços agora serão direcionados exclusivamente a testes em solo.

Embora o anúncio oficial trate a decisão como uma “pausa”, a medida indica que o demonstrador físico da aeronave, baseado em um McDonnell Douglas MD-90 modificado, não será mais construído. A iniciativa tinha como objetivo estudar formas de atingir emissões líquidas zero na aviação, além de melhorar a eficiência e a velocidade em voos próximos à barreira do som.

nasa x-66
O modelo em escala total do X-66, construído pela Boeing, passou por testes entre janeiro e março de 2025 na instalação 11-Foot Transonic Unitary Plan, no Centro de Pesquisa Ames da NASA, no Vale do Silício, Califórnia. (Imagem: NASA / Brandon Torres)

Tecnologia promissora, mas complexa

  • A proposta do X-66 era ousada: utilizar uma asa extremamente fina, reforçada por uma estrutura em treliça, para aumentar a eficiência aerodinâmica em velocidades transônicas — faixa entre Mach 0.8 e 1.2.
  • Essa zona crítica de velocidade é conhecida por gerar instabilidades no fluxo de ar sobre a fuselagem, o que pode comprometer o controle do avião.
  • Apesar dos desafios, empresas aéreas demonstraram interesse em dominar o voo transônico, já que ele pode reduzir o tempo de viagem e, consequentemente, aumentar a lucratividade.
  • A fuselagem do X-66 seria equipada com asas de 44,2 metros de envergadura, mais largas que as do 737 MAX, o maior avião de corredor único em operação, com 35,9 metros.

Redução de emissões e motores mais eficientes

O avião experimental também contaria com motores de nova geração UHBR (ultra-high bypass ratio), projetados para oferecer até 30% mais eficiência no consumo de combustível e menor emissão de poluentes. A autonomia estimada era de 5.556 km, tornando o X-66 competitivo para rotas de médio alcance.

No entanto, esses planos foram deixados de lado. A NASA e a Boeing optaram por priorizar métodos alternativos, como testes em túneis de vento, simulações de dinâmica dos fluidos e análises estruturais computacionais para continuar investigando o conceito da asa com treliça.

Pressões orçamentárias e mudança de foco

As razões exatas para o cancelamento do avião não foram divulgadas, mas questões financeiras parecem ter pesado. A NASA já havia investido US$ 425 milhões no projeto, enquanto a Boeing, que enfrenta dificuldades financeiras, contribuiu com US$ 725 milhões. A fabricante pode estar reavaliando suas prioridades para focar em aeronaves comerciais mais rentáveis.

Logo da NASA
NASA já havia investido US$ 425 milhões (Imagem: SNEHIT PHOTO / Shutterstock.com)

Além disso, especula-se que a agência espacial norte-americana esteja readequando seus investimentos a projetos considerados mais alinhados com sua missão principal, diante de possíveis cortes no orçamento sob a atual administração dos EUA. Assim, o futuro do conceito TTBW pode depender de resultados mais sólidos nos testes em solo — e de um novo cenário político e econômico.


Ana Luiza Figueiredo

Redator(a)

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.


Via Olhar Digital

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