sexta-feira, julho 5, 2024
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Yahya Sinwar, líder do Hamas, já disse ‘obrigado’ a Israel

Quase nunca Yahia Sinwar, de 63 anos, é visto sorrindo. Seus cabelos curtos e grisalhos, a barba bem feita, dão a impressão de uma pessoa tranquila, preocupada em se cuidar. Mas o olhar logo mostra um rancor permanente.

Quatro prisões perpétuas

Não demorou para ele ascender na hierarquia do grupo e já comandar células que realizavam atentados contra civis israelenses.

Antes mesmo da formação do Hamas, em 1987. Foi preso por subversão em 1982 e, dois anos depois, conheceu o líder das milícias Izz-ad-Din al-Qassam, Salah Shehada.

Em 1989, foi condenado a quatro prisões perpétuas por organizar atentados que mataram dois soldados israelenses e assassinaram quatro palestinos suspeitos de traição. Sempre tentou, nunca conseguiu escapar.

Soube da morte de Shehada em 2002. E em 2011 só deixou a penitenciária porque foi trocado, entre 1.026 prisioneiros, pelo soldado israelense Gilad Shalit, capturado pelo Hamas cinco anos antes.

Sinwar viveu momentos de pânico na prisão. Não exatamente em função do tratamento dos carcereiros. Mas por causa de um tumor cerebral que o levava a ter fortes dores de cabeça. Foi quando precisou ser operado.

Levado a um hospital de ponta em Israel, os médicos israelenses o operaram e salvaram a sua vida, conforme contou à Al Jazeera, Avi Issacharoff, um jornalista israelense especializado em assuntos palestinos.

“Sinwar foi operado, os médicos israelenses retiraram o tumor de sua cabeça”, confirma André Lajst, presidente da organização StandWithUs Brasil. Àquela altura, Sinwar já havia aprendido a falar hebraico e mostrava intimidade maior com a cultura do país. A ponto de, no momento em que deixava o hospital, segundo Lajst, ter dito aos médicos: “Todá (obrigado).”

Orit Adato, ex-comissária penitenciária de Israel, falou da cirurgia para o The Times of Israel. Para ela, a operação de Sinwar também contraria a tese de que Israel trata mal os prisioneiros palestinos.

“Quando eles dizem que não estão sendo bem tratados, peço a você e a outros que liguem para uma pessoa específica, Yahya Sinwar, que está vivo hoje apenas por causa da cirurgia que salvou sua vida”, disse.

Retorno à Faixa de Gaza

Sinwar ficou 22 anos preso em Israel | Foto: Reprodução/YouTubeSinwar ficou 22 anos preso em Israel | Foto: Reprodução/YouTube

Lajst afirma que os interrogatórios de Israel são duros, mas não desrespeitam as leis internacionais.

Quando Sinwar deixou a prisão e retornou a Gaza, recomeçou as suas atividades conspiratórias contra Israel. A ambição política o fez buscar a liderança do grupo, o que conseguiu em 2017.

Sinwar até esboçou uma postura mais pacífica para o Hamas. Em setembro de 2017, em nova rodada de negociações com a Autoridade Palestina (AP) no Egito, Sinwar concordou em dissolver o comitê administrativo do Hamas em Gaza.

O grupo terrorista havia assumido o controle da região em um golpe armado contra a AP anos antes.

Sinwar, no entanto, não colocou em prática a promessa. Assim como, depois de, em 2018, dizer que o Hamas buscaria uma resistência pacífica, impeliu seus seguidores, no dia seguinte, a darem prosseguimento a atos terroristas contra Israel.

Os próprios ataques de 7 de outubro foram mais uma mostra desse lado traiçoeiro de Sinwar.

Por dois anos, desde que a casa de Sinwar foi bombardeada (e ele não foi atingido), o Hamas deixou de atacar Israel. Isso deu a impressão de que o grupo queria uma trégua.

Com as FDI acomodadas, foi possível fazer o ataque-supresa, que deixou mais de 1,4 mil mortos em Israel.

Mas o país que um dia salvou Sinwar, agora o quer a qualquer custo. Ao defini-lo como o ártifice dos ataques, o porta-voz militar israelense, tenente-coronel Richard Hecht, recentemente chamou Sinwar de “homem morto andando.” Neste sentido, por mais que tenha sido bem-intencionada, a cirurgia não foi bem-sucedida. O ódio de Sinwar ainda é um tumor incurável.

Via Revista Oeste

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