O médico e empresário de Roraima Samir Xaud conta com o apoio de ao menos 22 federações estaduais para disputar a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Na prática, isso inviabiliza a inscrição de uma chapa de oposição. A eleição está marcada para o dia 25 e definirá o substituto de Ednaldo Rodrigues, afastado por decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
O movimento pela eleição de Samir conta com a simpatia do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, influente nos rumos da entidade. Apuração de Oeste mostra que o ministro já indicou ao menos seis dirigentes para a CBF.
A construção da candidatura de Xaud ocorreu por meio da assinatura de 19 federações que romperam com Ednaldo. O grupo iniciou a coleta de assinaturas e atraiu inclusive Bahia e Espírito Santo, até então aliados do ex-presidente.
Segundo o estatuto da CBF, são necessárias assinaturas de oito federações e cinco clubes para inscrever uma chapa. Como existem 27 federações, o apoio obtido por Xaud torna improvável o surgimento de outra candidatura.
Xaud já teve uma empresa contratada pela CBF. A Sax Serviços Médicos foi contratada em dezembro de 2021 para atender jogadores de clubes de Roraima, com valor mensal de R$ 30 mil. O contrato previa exames, atendimentos ambulatoriais e cirurgias. O então vice-presidente da CBF, Gustavo Feijó, usou o caso em uma ação contra Ednaldo, alegando que o vínculo violava a Lei Pelé e o Estatuto do Torcedor.
Samir Xaud: histórico familiar e ligação com a CBF
Em janeiro deste ano, Xaud foi eleito para comandar a Federação Roraimense de Futebol (FRF) no mandato de 2027 a 2030. Ele foi o candidato único para o cargo. O atual presidente da entidade é o pai dele, Zeca Xaud, que comanda a federação há quase 40 anos. Caso vença a eleição da CBF, Samir não assumirá o posto na FRF.
A federação de Roraima tem apenas 10 filiados, e nove deles votaram em Samir. Nenhum dos clubes do Estado está nas três primeiras divisões do Brasileirão. Apenas o Grêmio Atlético Sampaio (GAS) disputa a Série D. A pouca relevância do futebol local e o número reduzido de clubes geram críticas de dirigentes e clubes de outras regiões, que temem interferência política na escolha.
Nas redes sociais, críticos da indicação de Xaud acusam o pai do empresário de gerir mal a FRF e reclamam de interferência política.
Samir é médico infectologista e empresário. Atua como gestor da FRF desde 2024, tentando atrair empresas e o poder público para o campeonato estadual. Já concorreu a cargos públicos em duas ocasiões: foi candidato a deputado estadual pelo PV, em 2018, e a deputado federal pelo MDB, em 2022.
