Todo governo enfrenta em algum momento oscilações negativas de pesquisas, e o governo Lula três está em um desses momentos. Pesquisas de institutos de excelente reputação apontam uma tendência de queda na avaliação do governo e do presidente. Os pesquisadores não se cansam de reiterar que pesquisa é retrato, não é filme, e que fazer previsões exclusivamente a partir delas é muito arriscado. Assim como não é fácil e nem direto identificar o que levou a qual perda de avaliação. Ainda assim, o conjunto da situação é alarmante para o Palácio do Planalto.
Aparentemente, Lula não conseguiu ampliar a base eleitoral que lhe deu a vitória nas últimas eleições por margem bem estreita. O governo, que deveria ser de ampla coligação, revelou-se um governo de ampla dificuldade de articulação, desconjuntado e mal coordenado em áreas nevrálgicas, como segurança pública, um problema central para a população. O Congresso dobra o Executivo, incapaz de impor suas vontades ou mesmo ocupar comissões importantes.
Se Lula produziu algum “pibão”, a sensação que as pesquisas trazem é a de que uma larga porção da população não vê as coisas assim. Talvez respingue na figura de Lula o fato de que ele manda menos do que mandou antes, assim como empolga muito menos seu incessante falatório, capaz ainda de encantar a militância mas pouco além dela, e já cobra um preço em termos de prestígio internacional.
Praticamente tudo no governo foi centrado na figura de Lula – as decisões políticas, de economia, de política externa, as táticas, as estratégias, as nomeações, os gestos, os símbolos – tudo amarrado nas suas tão enaltecidas habilidades políticas. São elas que as pesquisas indicam que não estão funcionando.
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