O Brasil aparece mal num ranking sobre percepção de corrupção elaborado por uma organização não governamental, a Transparência Internacional. Estamos numa posição muito distante dos países considerados pouco corruptos, e muito perto de países considerados muito corruptos.
Pode-se dizer que os métodos utilizados pela Transparência Internacional para elaborar esse ranking sejam subjetivos, e mais interpretativos de fatos do que propriamente baseados em números, mas é exatamente disso que se trata, da maneira como as pessoas percebem a corrupção no Brasil — e em outros países.
Nesse ponto, a Transparência Internacional repete exatamente o sentimento — subjetivo ou não, nem importa, pois esse sentimento existe — no Brasil de que a corrupção continua sendo um problema central. E como poderia ser diferente?
A Lava Jato, que descobriu, prendeu e puniu corruptos, hoje é considerada um exemplo de violação de direitos. Empresas que confessaram e concordaram em pagar multas hoje são tidas como vítimas de perseguição.
No seu afã de reescrever a história e lavar reputações, o atual governo se empenha em fazer esquecer o que está vivíssimo na memória de milhões de brasileiros. É generalizada a percepção entre nós de que as coisas em termos de corrupção continuam como sempre foram, sobretudo quanto à impunidade. Um sentimento — subjetivo, mas sentimento que existe — de que o Judiciário e o sistema político atuam nessa direção.
O que já foi grande indignação, hoje talvez tenha se tornado numa espécie de resignação, de cansaço. O que em nada muda a percepção.
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