Uma equipe internacional de cientistas identificou evidências preliminares sobre a atmosfera de um exoplaneta (planeta fora do Sistema Solar que orbita uma estrela). Eles sugerem que a atmosfera do planeta L 98-59 d tenha os gases dióxido de enxofre (SO₂) e sulfeto de hidrogênio (H₂S). Isso pode significar uma superfície fundida. Ou cheia de vulcões alienígenas.
Quem explica as evidências coletadas pela equipe é Agnibha Banerjee, estudante de PhD na Open University, no Reino Unido, num artigo publicado no site Space.com.
O planeta em questão tem 1,5 vezes o tamanho da Terra – por isso (e por ser um pouco mais pesado), é considerado uma super-Terra – e fica a 35 anos-luz de distância do nosso planeta azul. Se a tese sugerida pela equipe (que precisa de mais observações) se confirmar, este seria o menor exoplaneta conhecido a ter atmosfera.
O L 98-59 d foi descoberto em 2019 com o telescópio espacial Tess, da NASA. A maioria dos exoplanetas, incluindo L 98-59 d, foi detectada usando o “método de trânsito”. “Esse método mede os pequenos desvios na luz das estrelas quando o planeta passa em frente à estrela“, explica o estudante.
O Telescópio Espacial James Webb (JWST) não consegue separar esses planetas minúsculos de suas estrelas hospedeiras. Mas há uma maneira de “ver” a atmosfera do planeta a partir dessa luz misturada. “Quando um planeta passa em frente à sua estrela, parte da luz dela passa pela atmosfera do planeta, atingindo as moléculas ou átomos presentes lá, no caminho para nós na Terra.”
Cada gás modifica a luz de maneira única. A partir da luz que recebemos desse sistema estelar, podemos inferir qual seria a composição dessa atmosfera. Isso é chamado de espectroscopia de transmissão, técnica comprovada que já foi usada para confirmar a presença de CO₂ na atmosfera de um exoplaneta.
Agnibha Banerjee, estudante de PhD na Open University, no Reino Unido, em artigo publicado no site Space.com
Observações do exoplaneta
A equipe da qual Banerjee faz parte usou o JWST para observar o L 98-59 d por meio do disco de sua estrela hospedeira. A partir dessas observações, o grupo obteve o espectro de transmissão da atmosfera do exoplaneta.
Depois, a equipe usou modelos computacionais para criar uma possível imagem da composição da atmosfera do exoplaneta. Segundo o estudante, a ausência de gases comuns e a presença de SO₂ e H₂S sugerem uma atmosfera formada por processos diferentes dos observados no nosso sistema solar. “Isso sugere condições únicas e extremas em L 98-59 d, como uma superfície fundida ou vulcânica.”
No entanto, não dá para confirmar a presença desses gases sem observações adicionais. “Se futuras observações confirmarem a presença de tal atmosfera, não apenas seria o menor exoplaneta a ter uma atmosfera detectada, mas também um passo crucial para entender a natureza de planetas como esse“, escreve Banerjee.