A equipe colaborava com os resgates na capital gaúcha há cerca de dez dias quando teria sido abordada por um homem, que pedia auxilio no salvamento de cem crianças. De boa-fé, os voluntários aceitaram o pedido de ajuda e se mobilizaram para montar uma equipe de resgate com seus próprios recursos.
Porém, ao chegar no ponto de encontro com o homem, em um posto de combustível na cidade de Canoas, os voluntários foram surpreendidos ao serem abordados por pessoas desconhecidas, entre elas uma mulher.
Inicialmente, o grupo se negou a participar da retirada. Inclusive, naquele momento, temia ter sido vítima de um sequestro. Foi então que começou a coação por parte da mulher.
Sem saída, o grupo precisou usar os próprios botes para seguir até o local onde estava o armamento. “Ela [coordenadora] disse para não usar celular e até para não fazer movimentos bruscos, pois estávamos na linha de tiro de snipers [atiradores de elite] da Polícia Federal no topo dos prédios”, enfatizou uma das médicas voluntárias.
Os voluntários confirmam que, de fato, havia um atirador deitado em um telhado, com uma arma apontada para a água. Segundo eles, o primeiro contato com policiais federais aconteceu na entrada do aeroporto.
“Vocês são funcionários da Taurus?”, perguntou um policial. “Não, sou médica, vim para resgatar crianças.”
Ao saber que o grupo tinha sido enganado, o agente teria rido. “A Taurus fazendo isso.”, relatou a médica ao portal.
Segundo os voluntários, o Comando de Operações Táticas (COT) da Polícia Federal, encarregado da segurança da operação, chegou depois que a primeira leva de armas já havia sido transportada. O resgate do armamento foi finalizado somente no fim da tarde.
Taurus se pronuncia depois de denúncia de voluntários
Em nota enviada à Oeste, a Taurus afirma que a operação de retirada das armas no aeroporto foi coordenada na parte fluvial pelo COT e por um veículo de transportadora credenciada pelo Exército Brasileiro na parte terrestre.
Ainda de acordo com a empresa, a operação foi escoltada por dois veículos de segurança privada armados e acompanhada por três viaturas da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) da Policia Civil do Rio Grande do Sul.
“A conferência e manuseio das armas foram feitas por 12 funcionários da Taurus, da área de logística, devidamente capacitados”, diz a companhia.
A Taurus diz ainda que, junto com os órgãos de segurança, sempre garantiu a “total segurança da carga”.
“A empresa desconhece a participação de voluntários e vai levantar os fatos junto às autoridades policiais que participaram da operação”, conclui.
Oeste também procurou a Polícia Federal (PF) para esclarecimentos, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.