O retorno do X, antigo Twitter, no Brasil, na noite desta terça-feira (8), não significa necessariamente que seus antigos usuários brasileiros voltarão a usar a plataforma. Em resposta à CNN, alguns deles demonstraram posicionamentos diversificados sobre a questão.
Alguns internautas elencam questões como saúde mental, fake news, privacidade de suas contas, entre outras, para decidir qual plataforma vão usar.
Isso porque, durante o período de bloqueio, plataformas semelhantes ao X, como Bluesky e Threads, cresceram em números de usuários e se provaram como alternativas possíveis oferecendo outros recursos.
“Eu estou tentando engajar no Bluesky e não pretendo voltar para o X. Acho que [o X] é uma rede social muito boa para informação, eu seguia muitos perfis de notícias, das mais variadas coisas, por lá, porém, ela também tem muito conteúdo machista, homofóbico (…) e a empresa fez muito pouco ou nada para combater isso”, afirmou à CNN Heloiza Melo, 31, gestora de marketing.
O estudante de música Dario de Moraes, 23, disse acreditar que a suspensão do X teve efeitos positivos na vida dele. “Minha saúde mental melhorou bastante sem os conflitos diretos [que havia lá]”.
Ele explicou à CNN que optou por não aderir ao Threads pela rede social da Meta ser “integrada com o Instagram e Facebook, o que me afasta bastante, já que o X conferia certo anonimato e um formato bem único de funcionar.”
Tendo migrado para o Bluesky, o estudante disse ainda que, por enquanto, não pretende abandonar o serviço criado por Jack Dorsey, ex-CEO do Twitter.
“Vou ficar observando o movimento de migração das redes. Na verdade, não gostaria de voltar para o X, mas, caso eu volte, vou mudar meus hábitos e a maneira de me relacionar com a rede, como criar outra conta e restringir a pessoas mais próximas”, disse.
O Bluesky foi uma das redes sociais que mais cresceu no Brasil após o bloqueio do Twitter. Nos sete dias após a suspensão, foram criadas 3 milhões de novas contas na rede, sendo 85% deles brasileiros — contabilizando mais de 2,5 milhões de brasileiros na plataforma, contou Rose Wang, diretora de operações do Bluesky à CNN na época.
Com a grande quantidade de usuários entrando na plataforma que tinha funcionalidades diferentes do antigo Twitter, a empresa teve que oferecer soluções rápidas para que os internautas se acomodassem na rede social.
Para se adaptar, o Bluesky trabalhou para apontar um representante legal no Brasil — conforme exige a legislação local para a manutenção da rede social –, implementou ferramentas como a publicação de vídeos e anunciou que criaria um trending topics semelhante ao X.
Diante das mudanças promovidas, a publicitária Adryelle Calmon, 21, fala que sua troca foi rápida. “Baixei o Bluesky em menos de uma semana, depois que o X foi suspenso, e o usei de forma parecida”
Com a mesma agilidade, no entanto, ela diz fará seu retorno ao X. “Pretendo deletar [o Bluesky] porque tudo o que eu consumo vai para o Twitter de novo”, supôs.
Há ainda usuários que nunca chegaram a migrar para outras redes sociais, como Thalles Fernandes, 26, que é engenheiro aeroespacial e disse que passou por “uma mistura de preguiça e esperança pela volta do antigo Twitter”.
O engenheiro afirma que chegou a tentar usar outras plataformas, mas que sentiu que as redes sociais que usou nesse período “não ocuparam o vazio que o X deixou.”
Ele ainda fala que deve retornar “o mais rápido possível” para o X. “Tenho esperança de que as outras pessoas também voltem.”
A retomada do funcionamento do X no Brasil ocorreu por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após 39 dias de bloqueio.
A CNN entrou em contato com o Bluesky e com a Meta para saber se as plataformas farão alguma ação específica para tentar reter seus novos usuários brasileiros, mas não obteve retorno até o momento de publicação desta reportagem. O espaço continua aberto.
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