A Voepass entrou com um pedido de tutela judicial nesta segunda-feira, 3, para se reestruturar financeiramente. A medida visa a proteger a empresa de cobranças por parte de credores e permitir a realização das mudanças necessárias para a continuidade das operações da companhia.
Em 9 de agosto de 2024, um avião da Voepass caiu em Vinhedo (SP) e deixou 62 mortos. A causa mais provável do acidente, segundo investigações preliminares, seria o acúmulo de gelo nas asas da aeronave. Desde então, a empresa enfrenta graves dificuldades financeiras, além de queda no número de passageiros.
Durante o processo de reestruturação, a Voepass afirmou que vai dar prioridade ao pagamento de salários e benefícios dos funcionários, além de manter seus compromissos com fornecedores para serviços prestados a partir desta segunda-feira.
“A operação de suas rotas atuais segue com normalidade, assim como a venda de passagens e as reservas, que podem ser encontradas no site da Voepass, além dos canais de vendas de empresas parceiras”, declarou a companhia em nota enviada à imprensa.
A companhia destacou ainda que a medida de tutela não abrange os processos indenizatórios relacionados ao acidente de 2024, uma vez que estes estão sendo conduzidos por meio de seguradora.
“A companhia segue empenhada nas tratativas com as famílias para garantir a conclusão do processo da forma mais ágil e satisfatória possível”, afirmou.
Em novembro de 2024, o portal Poder360 revelou que, no mês seguinte ao acidente em Vinhedo (setembro), a Voepass registrou uma queda de 37% no número de passageiros em comparação com o mesmo período de 2023. Em outubro, a redução foi de 20,7%.
A companhia, que já apresentava sinais de fragilidade financeira, enfrenta uma recuperação mais lenta do que outras empresas aéreas que também passaram por desastres de grande repercussão, como a Tam (atual Latam), em 2007, e a Gol, em 2006.
Além da Voepass: relembre os acidentes aéreos da Tam e da Gol
TAM (2007): o acidente com o Airbus A320, em Congonhas (SP), deixou 199 mortos, depois de a aeronave derrapar e colidir com um prédio da própria companhia aérea. O desastre provocou uma queda de 11,2% no número de passageiros em agosto daquele ano, comparado ao mês anterior, além de uma retração de 2,4% em setembro, com a recuperação iniciando apenas em outubro.
Gol (2006): o acidente ocorreu em 29 de setembro de 2006, quando um Boeing 737 colidiu com um jato Legacy em pleno voo, resultando em 154 mortes. Embora a Gol não tenha entrado em recessão, o ritmo de crescimento da companhia caiu de 40% para cerca de 25% até o final daquele ano.