A bancária Edneide de Nazaré Lisboa, viúva de Sérgio Ricardo Faustino Batista, ex-diretor de Controles Internos e Integridade do banco da Caixa Econômica, entrou com ação na Justiça do Trabalho de Brasília pedindo indenização de R$ 40 milhões ao banco estatal.
As informações foram divulgadas pela revista Veja no domingo 28. O departamento chefiado por Batista estava encarregado de investigar várias denúncias de assédio moral e sexual feitas por mulheres contra o ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães.
O advogado Roberto Caldas, que defende a viúva, diz que o suicídio foi um acidente de trabalho e que a responsabilidade é do banco. “É um debate contemporâneo de respeito a direitos humanos no sistema financeiro, de saúde mental no trabalho.”
Para o advogado, a estatal é responsável pelo ambiente de assédio moral organizacional, a falta de estrutura de acolhimento e a ausência de ações para preservar a saúde mental dos funcionários. Caldas argumenta ainda que não foi cumprida uma norma que determinava a colocação de travas nas janelas como prevenção de acidentes e riscos de queda.
Além de indenização, família quer centro de treinamento na Caixa
Além da indenização, a família pede à Justiça do Trabalho que obrigue a Caixa a criar um centro de treinamento voltado para coibir práticas de assédio moral e sexual.
Depois do episódio que envolveu o presidente do banco, Batista relatou que estava sob forte estresse emocional. A ação relata que o ex-diretor teve uma “decepção profunda” ao ver colegas e amigas como vítimas de um sistema que ele não conseguiu conter.
Em mensagem trocada com uma colega antes da tragédia, ele escreveu: “Tenho tido pensamentos ruins, tristes, negativos, e não quero compartilhar isso com ninguém”. A viúva diz que a ação judicial contra o banco, além do pedido de indenização, tem a função de contribuir para uma mudança cultural no ambiente de trabalho e evitar que outras tragédias aconteçam.