O 1º vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcos Pereira (Republicanos-SP), afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) age com “diplomacia ideológica” ao não citar nominalmente o presidente eleito argentino, Javier Milei (La Libertad Avanza), após sua vitória no pleito eleitoral de domingo (19).
“O presidente Lula age igual ao presidente Jair Bolsonaro quando não cita nominalmente o presidente eleito da Argentina, Javier Milei, isto é, está agindo com diplomacia ideológica, o que não ajuda em nada nas relações bilaterais entre os países irmãos”, escreveu o deputado nas redes sociais.
O presidente @LulaOficial age igual ao presidente @jairbolsonaro quando não cita nominalmente o presidente eleito da Argentina @JMilei, isto é, está agindo com diplomacia ideológica, o que não ajuda em nada nas relações bilaterais entre os países irmãos.
— Marcos Pereira (@marcospereira04) November 20, 2023
No decorrer do pleito argentino, o PT e outros partidos de esquerda declararam apoio a Massa, enquanto Bolsonaro e partidos de direita se posicionaram a favor de Milei.
Em 2019, logo depois da eleição do candidato de esquerda Alberto Fernández, Bolsonaro chegou a dizer que a Argentina havia escolhido mal seu novo chefe de Estado. Na ocasião, Fernández – acompanhado por Cristina Kirchner como vice-presidente – derrotou o então presidente Mauricio Macri, representante da direita argentina.
Na noite de domingo, após a proclamação dos resultados eleitorais na Argentina, Lula foi às redes parabenizar o novo governo, mas evitou citar o nome de Milei. Anteriormente, o economista argentino de 53 anos havia chamado o petista de “socialista com vocação totalitária” e “comunista nervoso”.
“A democracia é a voz do povo, e ela deve ser sempre respeitada. Meus parabéns às instituições argentinas pela condução do processo eleitoral e ao povo argentino que participou da jornada eleitoral de forma ordeira e pacífica. Desejo boa sorte e êxito ao novo governo. A Argentina é um grande país e merece todo o nosso respeito. O Brasil estará à disposição para trabalhar junto com nossos irmãos argentinos”, escreveu Lula.
O presidente descartou ir a Buenos Aires para a posse de Milei, no dia 10 de dezembro. Ele também não pretende fazer uma ligação telefônica ao argentino cumprimentando-o pela vitória.
Por sua vez, Bolsonaro – que havia declarado apoio expresso a Milei ao longo da campanha eleitoral – saudou a vitória do economista.
Conforme apurou o analista da CNN Caio Junqueira, Bolsonaro deve ir à posse de Milei caso seja convidado. A assessoria do ex-presidente informou ainda que é certo o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seu filho, vá à posse.
“Parabéns ao povo argentino pela vitória com Javier Milei. A esperança volta a brilhar na América do Sul. Que esses bons ventos alcance os Estados Unidos e o Brasil para que a honestidade, o progresso e a liberdade voltem para todos nós”, registrou Bolsonaro.
– Parabéns ao povo argentino pela vitória com @JMilei . A esperança volta a brilhar na América do Sul.
– Que esses bons ventos alcancem os Estados Unidos e o Brasil para que a honestidade, o progresso e a liberdade voltem para todos nós.
– Jair Bolsonaro.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) November 19, 2023
Auxiliares diretos do presidente Lula receberam, com surpresa e desânimo, a informação da vitória de Milei.
Havia a expectativa, no Palácio do Planalto, de que Massa superasse Milei por pequena margem de votos. O otimismo de Lula e seus assessores cresceu após o desempenho do peronista no debate presidencial do último domingo.
A ordem geral, entre conselheiros de Lula em política externa, é não responder eventuais críticas ou insultos de Milei ao petista. O brasileiro já foi chamado de “comunista” e “corrupto” pelo presidente eleito da Argentina.
Conforme ouviu a CNN de um interlocutor de Lula, a ordem é “não cair em provocações”, enquanto se buscam construir pontes. Dizendo que preferia não fazer declarações públicas, um experiente assessor afirmou apenas: “A América do Sul se tornará uma região mais complexa”.
*Com informações de Daniel Rittner, da CNN, em Brasília
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