quinta-feira, novembro 21, 2024
InícioInternacionalVeto à compra de blindados de Israel é político

Veto à compra de blindados de Israel é político

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, propôs ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) uma solução para destravar a compra de obuseiros da empresa de Israel Elbit Systems.

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, em vez de comprar as 36 viaturas blindadas de obuseiro 155 mm, como previsto na licitação, o Exército pegaria somente duas unidades do equipamento.

Caso o produto-teste fosse aprovado, o Brasil poderia acionar uma cláusula para compra dos demais 34 obuseiros, com a exigência de que todo o armamento fosse produzido no Brasil.

De acordo com a Folha, a transação envolveria as empresas brasileiras Ares Aeroespacial e AEL Sistema e a promessa de criação de 400 empregos diretos.

Entretanto, a proposta enfrenta resistência de petistas e do assessor para assuntos internacionais de Lula, Celso Amorim.

“Com todo respeito, as pessoas que estão contra são por motivos políticos, ideológicos”, disse o ministro da Defesa em entrevista à Folha. “Eu estou defendendo o Exército, e que a gente tenha oportunidade de dotar o Exército Brasileiro de equipamentos mais modernos.”

Os opositores à compra argumentam que não é razoável o governo brasileiro adquirir equipamentos militares de um país cuja ação militar na Faixa de Gaza é criticada por Lula. Eles dizem que a compra dos obuseiros, por quase R$ 1 bilhão, poderia financiar os ataques de Israel aos palestinos.

“A gente está brigando com uma coisa simples, coisa boba”, argumenta o ministro à Folha. “Não estamos fazendo uma compra gigantesca de Israel […]. Precisava provar que foi o dinheiro dos obuseiros que financiou aquela guerra. Dois obuseiros não movimentam absolutamente nada.”

Lula postergou assinatura de contrato com empresa de Israel

A assinatura do contrato foi adiada em maio por decisão de Lula, sem previsão de conclusão. O contexto era o avanço de operações de Tel-Aviv na Faixa de Gaza.

Lula ouviu a proposta de Mucio e pediu mais tempo para decidir, segundo dois generais com conhecimento do assunto, ouvidos pela Folha. A posição vencedora, por ora, é a capitaneada por Celso Amorim.

“Ele tem uma posição igual à minha: firme”, disse Mucio, ao comentar o impasse com Amorim. O ministro afirma cumprir seu papel de representar as Forças Armadas e diz que o conselheiro de Lula, por sua vez, o faz com foco na diplomacia.

“Eu não acho que isso seja um problema diplomático —a diplomacia está lá, nós ainda temos relações diplomáticas com Israel”, afirmou. “Se o presidente [primeiro-ministro Netanyahu] foi desatencioso [ao declarar Lula como persona non grata], o presidente não representa todo mundo de lá. Eu estou admitindo que eu estou com a banda boa [de Israel].”

Celso Amorim foi procurado pela Folha, mas não se manifestou sobre esse tema.

Via Revista Oeste

MAIS DO AUTOR

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui