O governo da Venezuela anunciou nesta segunda-feira, 19, a prisão de 38 pessoas sob acusação de envolvimento em um suposto plano para desestabilizar o país às vésperas das eleições presidenciais marcadas para 25 de maio. Entre os detidos, 17 são estrangeiros e 21 são venezuelanos.
Segundo o ministro do Poder Popular para Relações Interiores, Justiça e Paz, Diosdado Cabello, os suspeitos planejavam ataques com explosivos a embaixadas, hospitais, delegacias, estações de serviço e figuras públicas, tanto da situação quanto da oposição.
Durante a coletiva de imprensa, Cabello afirmou que os órgãos de inteligência identificaram um plano que visava a provocar “choque e terror” na sociedade venezuelana. “Eles apontaram embaixadas como o principal objetivo de um ataque, delegacias de polícia […] hospitais, centros de saúde […], serviços públicos, estações de energia”, disse.
Ainda segundo ele, a motivação seria provocar repercussão internacional contra o governo. O ministro explicou que foram apreendidos dispositivos com acionamento remoto para explosivos, denominados “disparadores elétricos”, que permitiriam detonações à distância.
Cabello associou os suspeitos a operações anteriores, como uma suposta tentativa de golpe de Estado em abril de 2019. Um dos nomes citados foi Arturo José Gómez Morante, ex-oficial das Forças Armadas venezuelanas, atualmente nos Estados Unidos.
Segundo o ministro, Gómez Morante lideraria uma rede criminosa envolvida em sequestros, cuja finalidade seria desestabilizar emocionalmente autoridades do governo. “Eles se dedicavam a sequestrar pessoas, principalmente familiares de funcionários do Estado”, afirmou.
Também foram alegadas conexões com o ex-comissário de polícia Iván Simonovis, acusado de liderar articulações para desestabilização política e atentados terroristas. Ambos seriam, segundo Cabello, protegidos pelo governo norte-americano.
Narcotráfico ameaça estabilidade na Venezuela
Diosdado ainda relacionou o plano com o tráfico internacional de drogas, especialmente com redes sediadas na Colômbia. “O financiamento de todas as conspirações e do terrorismo na Venezuela vem diretamente do narcotráfico colombiano, com Uribe, Duque, Pastrana e Santos à frente”, afirmou, sem provas.
Ele mencionou a prisão de um cidadão com dupla nacionalidade albanesa e colombiana, procurado internacionalmente por tráfico de drogas, que teria tentado subornar agentes venezuelanos ao ser detido. Segundo a investigação, ele mantinha conexões com a máfia albanesa que opera no Equador e em outras partes da América Latina.
Por causa das descobertas, o governo determinou a suspensão imediata de voos oriundos da Colômbia. “Temos instruções para suspender imediatamente todos os voos que venham da Colômbia para a Venezuela”, anunciou o ministro, ao citar a entrada de suspeitos por via aérea e terrestre.
Cabello associou as ações a setores da oposição venezuelana. De acordo com ele, “atrás de tudo isso está María Corina Machado e também Iván Simonovis”, ao acrescentar que os grupos envolvidos utilizam recursos ilícitos, como sequestros e tráfico humano, para financiar atentados e impedir a realização do pleito.

Em resposta a questionamentos, o ministro confirmou que operações policiais estão em andamento em diferentes regiões do país e que novos mandados de prisão contra supostos terroristas devem ser cumpridos.
Ele também relacionou o alerta emitido pelos EUA a seus cidadãos, na qual desaconselhavam viagens à Venezuela, com o momento das investigações. “Sempre que fazem isso, vem violência depois na Venezuela”, declarou.
A coletiva encerrou com a reafirmação de que as eleições estão mantidas. “Garantiremos que no dia 25 de maio nosso povo vá em paz votar e à noite teremos os resultados”, afirmou Cabello, ao destacar que o governo está “atuando de acordo com a Constituição e a lei, com pleno respeito aos direitos humanos dos detidos”.