quinta-feira, novembro 21, 2024
InícioDestaqueVenezuela chama de 'agressão' veto do Brasil à sua entrada no Brics

Venezuela chama de ‘agressão’ veto do Brasil à sua entrada no Brics

A ditadura da Venezuela chamou o veto do Brasil à sua entrada no Brics de “gesto hostil” e de “agressão”. O regime chavista e a ditadura da Nicarágua foram barrados pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, um antigo aliado dos ditadores Daniel Ortega e Nicolás Maduro que se desentendeu recentemente com os dois.

“A Venezuela contou com o respaldo e apoio dos países participantes nesta cúpula para a formalização de sua entrada neste mecanismo de integração, mas a representação da chancelaria brasileira, liderada pelo embaixador Eduardo Paes Saboia, decidiu manter o veto que [o ex-presidente Jair] Bolsonaro aplicou contra a Venezuela durante anos”, declarou o Ministério das Relações Exteriores venezuelano, em comunicado.

“Esta ação constitui uma agressão à Venezuela e um gesto hostil”, continuou a diplomacia venezuelana, que ainda qualificou o veto de inexplicável e imoral.

A Venezuela buscava havia meses ser membro ativo do bloco. Maduro viajou a Kazan, na Rússia, para se reunir com os parceiros do Brics e o presidente russo, Vladimir Putin, manifestou-lhe apoio.

Na cúpula em Kazan, Putin tentou abrir as portas para a Nicarágua e para a Venezuela, mas Lula rejeitou depois de desentendimentos com os ditadores antes amigos do petista. A adesão da Venezuela ao Brics depende do Brasil, dada a regra de consenso para adotar novos associados ao grupo.

Em seu discurso, o presidente russo disse que a Venezuela está “lutando por sua soberania” e afirmou que avisou a Lula, por telefone, que discorda da posição do petista. Maduro, por sua vez, deixou de cumprimentar em público a delegação de Brasília, durante seu discurso na plenária, e deu o recado de que seu país já faz parte da “família do Brics”.

As razões do veto do Brasil à Venezuela

De acordo com o Itamaraty, entre as condições avaliadas para a adesão ao grupo, estavam relevância política, equilíbrio na distribuição regional dos países, alinhamento à agenda de reforma da governança global, inclusive do Conselho de Segurança da ONU, rejeição a sanções não autorizadas pelas Nações Unidas no âmbito do conselho, e relações “amigáveis” com todos os membros.

Brasil e Venezuela retomaram as relações bilaterais em janeiro de 2023, depois da ruptura diplomática ocorrida em 2019 pelo reconhecimento de Bolsonaro ao opositor Juan Guaidó como presidente interino. Maduro chegou a vir ao Brasil e foi recebido com honras de chefe de Estado em maio de 2023. A relação de Lula e o ditador ficou tensa depois das eleições presidenciais da Venezuela.

O petista não reconheceu os resultados do pleito, exige a exibição de atas eleitorais e chegou a sugerir novas eleições. Outros países, no entanto, já reconheceram a vitória da oposição.

Mais recentemente, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, afirmou que Lula e o presidente do Chile, Gabriel Boric, seriam agentes cooptados pela CIA, dos Estados Unidos.

O caso da Nicarágua

Já com a Nicarágua, as relações começaram a se deteriorar no ano passado, mas a crise chegou ao pior ponto em agosto deste ano, depois de o governo sandinista de Daniel Ortega expulsar o embaixador brasileiro. Em resposta, o Brasil expulsou a embaixadora nicaraguense do país.

‘Não quis falar comigo’, lamentou Lula, depois de o ditador Ortega não atender suas ligações | Foto: Roosewelt Pinheiro/Agência Brasil
Lula com o ditador Daniel Ortega | Foto: Roosewelt Pinheiro/Agência Brasil

O ditador entendeu que o Brasil boicotou a cerimônia de celebração dos 45 anos da Revolução Sandinista porque o petista não enviou seu representante no país em 19 de julho passado.


Redação Oeste, com informações da Agência Estado

Via Revista Oeste

MAIS DO AUTOR

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui