A Venezuela alcançou o maior número de presos políticos em quase 25 anos, com 1.780 detidos, e bateu assim o recorde deste século. A informação foi divulgada pela ONG Foro Penal, na quarta-feira 29. De acordo com a instituição, 114 detidos são menores de idade.
O aumento nas detenções ocorre depois das eleições presidenciais de 28 de julho, considerada fraudulenta pela oposição do ditador Nicolás Maduro e pela comunidade internacional.
Antes do pleito eleitoral, havia 199 presos políticos no país, segundo a ONG. Desde então, mais 1.581 pessoas foram presas em apenas um mês.
“Registramos e qualificamos o maior número de presos políticos conhecido na Venezuela, pelo menos no século XXI”, informou o Foro Penal no Twitter/X.
A organização monitora diariamente as prisões na Venezuela e já contabiliza mais de 2.400 detenções desde a crise pós-eleitoral.
Maior parte dos presos é formada por civis e homens, segundo publicação da ONG:
Political Prisoners in #Venezuela as of August 26th, 2024
Report by @ForoPenalThere is a Total of 1780 #PoliticalPrisoners
This information is published on a regular basis and it is sent to @Almagro_OEA2015 and @UNHumanRights to be verified and certified#infographic #figures pic.twitter.com/Kw3SFxRCgI
— Foro Penal (ENG) (@ForoPenalENG) August 28, 2024
No mês passado, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou Maduro reeleito para um terceiro mandato de seis anos com 52% dos votos, contra 43% do adversário, Edmundo González Urrutia.
Contudo, o órgão atua sob o comando do regime chavista e não publicou as atas das urnas de votação, como exige a lei.
Protestos e aumento de presos políticos na Venezuela
O candidato da oposição acusou fraude e afirmou que venceu com 67% dos votos. Como prova, ele apresentou boletins das urnas que voluntários coletaram. Depois disso, protestos eclodiram pelas ruas de Caracas e já deixaram 27 mortos, 192 feridos e mais de 2.400 presos, segundo números oficiais.
A oposição denunciou uma “escalada repressiva”. Enquanto isso, a ditadura chavista chamou os presos de “terroristas” e culpou González e a líder da oposição, María Corina Machado, pela violência nas manifestações.
Assista a imagens dos protestos na Venezuela:
🚨| URGENTE: El tirano de Venezuela, Nicolás Maduro NO QUIERE que el mundo vea esta MASIVA protesta en su contra que sucedió hoy en Caracas, encabezada por María Corina Machado. Dale ME GUSTA y RT para que el mundo se entere y esto le duela más al criminal Maduro. 🇻🇪 pic.twitter.com/IFnuydfZeK
— Eduardo Menoni (@eduardomenoni) August 28, 2024
Prisão de líderes da oposição e mobilização popular
Maduro pediu a prisão dos dois líderes da oposição, que desde então estão escondidos. O Ministério Público, acusado de servir ao chavismo, intimou González Urrutia duas vezes, mas ele ignorou as convocações. O procurador-geral, Tarek William Saab, anunciou que o chamará novamente.
Nesta quarta-feira, 28, centenas de opositores venezuelanos protestaram contra Maduro, que também mobilizou sua base para comemorar sua reeleição. María Corina participou da manifestação em Caracas, a terceira desde que se declarou na clandestinidade em 1º de agosto, e afirmou que fará o “regime ceder”:
“Dizem que o regime não vai ceder, saibam que: vamos fazê-lo ceder e ceder significa respeitar a vontade manifestada em 28 de julho”, disse ela, segundo informações da agência de notícias AFP. “Este protesto é imparável.”