Há cerca de um ano, este Olhar Digital trazia uma reportagem especial sobre os carros elétricos no Brasil. O texto apontava, com correção, que a tecnologia ainda engatinhava por nossas terras. E logo na manchete havia a seguinte pergunta: “Quando vai decolar?”.
Hoje, quase 12 meses depois, será que temos a resposta? Será que o mercado de EVs decolou no país? Esses números indicam que sim.
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Segundo dados apresentados pelo presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Ricardo Bastos, foram vendidos por aqui 138.581 eletrificados no acumulado entre janeiro e outubro de 2024. Entenda por eletrificado os EV e os híbridos também.
O resultado já superou em 48% os emplacamentos de todo o ano passado. Num recorte ainda mais impressionante, esses quase 140 mil veículos representam mais do que os 126 mil comercializados no Brasil em uma década, de 2012 a 2022.
Sim, é verdade que essa tecnologia se “popularizou” mais recentemente, mas ainda assim é um desempenho notável: em 10 meses, o Brasil emplacou a mesma quantidade de eletrificados em 10 anos!
Os favoritos dos brasileiros
- De acordo com a ABVE, os híbridos plug-in foram os mais populares nesse período.
- Os híbridos respondem por 85.980 dos emplacamentos até agora.
- Já os 100% elétricos são quase 51 mil.
- O presidente da associação, Ricardo Bastos, destacou que os números vem melhorando progressivamente.
- Outubro, por exemplo, foi o terceiro melhor mês da série histórica da ABVE, com 16.033 vendas de veículos eletrificados leves.
- Isso tem a ver com a maior oferta de veículos desse tipo.
- Entre os modelos, a chinesa BYD ocupa o topo com folga.
- O BYD Song Plus é o líder de vendas no ano, com 15.701 emplacamentos de janeiro a outubro.
- Na sequência aparecem o Dolphin Mini de 4 lugares (com 13 mil emplacamentos) e o Dolphin GS (com quase 11 mil unidades vendidas) – ambos são da BYD.
- Uma montadora diferente aparece apenas na quarta posição: o Toyota Corolla Cross XRX Hybrid vendeu 10.418 unidades em 2024.
- Em quinto está o GWM Haval H6 HEV (com 5.635 emplacamentos) e, em sexto, a BYD volta a aparecer com o Dolphin Mini de 5 lugares (4.764 emplacamentos).
- Completam o Top-10 o GWM Haval H6 PHEV: com 4.276 emplacamentos;
- O Caoa Chery Tiggo 5X e 7 Hybrid: com 4.176 vendas;
- O GWM Haval H6 PHEV 19: com 4.143 emplacamentos;
- E o GWM Haval H6 GT: com 4.064 emplacamentos.
Quer dizer que decolou mesmo?
Olha, eu diria que decolar é um verbo muito forte. As vendas melhoraram bastante, é verdade, mas os elétricos ainda representam uma fatia mínima do nosso mercado.
Em relação ao nosso histórico, podemos dizer que a evolução foi gigantesca. Agora, fato é que ainda estamos anos-luz atrás de outros mercados pelo mundo.
Na Alemanha, por exemplo, a fatia de EVs já supera a casa dos 20% do total de veículos em circulação. Nos Estados Unidos, os eletrificados responderam por 1,1 milhão das vendas de carros em 2023. E a previsão é que esse número volte a crescer em 2024. Bom, não preciso dizer que 1 milhão é bem mais que os nossos 140 mil… E olha que eu nem estou citando a China, o maior reduto dessa tecnologia no planeta.
Se em 2023 dissemos que os elétricos ainda engatinhavam por aqui, agora eles já começaram a andar com as próprias pernas. E a tendência é positiva: já já essa criança pode começar a correr e, quem sabe um dia, decolar de verdade.
Agora, para isso acontecer, é preciso que o país acompanhe essas mudanças. A ABVE afirma que os investimentos nesse tipo de tecnologia por aqui ainda são baixos, que as políticas públicas são fragmentadas e que não há um Plano Nacional de Eletromobilidade.
Isso sem contar os preços elevados dos veículos, a falta de uma linha de crédito específica (e atrativa), além da pouca infraestrutura: são apenas 10.622 pontos de carregamento em um país do tamanho de um continente.
Esperamos que as coisas evoluam até o próximo texto desse tipo, no final de 2025.