Na segunda-feira (14), a SpaceX divulgou um vídeo inédito que mostra o momento em que o propulsor Super Heavy, primeiro estágio do megafoguete Starship, é “abraçado” pelos braços robóticos da torre Mechazilla na plataforma de lançamento durante uma manobra revolucionária realizada no domingo (13).
O retorno do Super Heavy à base de lançamento representa um avanço significativo na reutilização de foguetes. Essa estratégia não só otimiza os custos, como também permite encurtar o intervalo entre as missões, uma vez que elimina a necessidade de transporte do equipamento pelo mar até as instalações da SpaceX para manutenção pós-voo.
Relembre o voo de teste inovador do foguete Starship:
- O lançamento de domingo, que aconteceu por volta das 9h30 (pelo horário de Brasília) foi o quinto voo de teste do foguete Starship (sendo o segundo completo);
- Sete minutos depois da decolagem, a SpaceX fez história com a captura bem-sucedida do propulsor Super Heavy na base de lançamento;
- No teste completo anterior, o pouso foi no mar;
- A espaçonave viajou na órbita da Terra por pouco mais de uma hora;
- Outro marco importante é que a SpaceX conseguiu pousar o segundo estágio do veículo – a espaçonave Starship – no Oceano Índico, exatamente no local esperado.
Em uma publicação no X (antigo Twitter), a SpaceX descreve as imagens como uma “visão integrada mostrando um encaixe de trava no Super Heavy ao entrar em contato com a viga de captura”.
Com 120 metros de altura, o Starship é o maior e mais poderoso foguete já construído. A espaçonave consiste em duas partes, ambas projetadas para serem total e rapidamente reutilizáveis: um enorme booster de primeiro estágio denominado Super Heavy e um estágio superior de 50 m de altura chamado Starship, que dá nome ao complexo veicular.
Quinto voo de teste do Starship cumpre todos os objetivos
Conforme relatado pelo Olhar Digital logo após o lançamento, os objetivos do teste foram cumpridos.
A operação tinha como meta dar mais um passo em direção à reutilização completa e rápida do veículo. Para isso, a SpaceX planejou o primeiro retorno ao local de lançamento e captura do propulsor Super Heavy, além de outra reentrada controlada da Starship – um mergulho no alvo definido, que fica no Oceano Índico. E tudo saiu de acordo com o planejado.
Apesar do sucesso, ainda há desafios para os testes futuros. É o que explica o astrônomo Marcelo Zurita, colunista do Olhar Digital. “O 5º voo de teste da Starship foi um daqueles momentos marcantes da história da exploração. A SpaceX conseguiu realizar algo que parecia praticamente impossível há alguns anos: a captura do primeiro estágio do Super Heavy no ar foi uma cena surreal, fantástica e incrivelmente bem sucedida para uma primeira tentativa. Ainda não podemos dizer que a Starship está pronta para seus voos mais ambiciosos porque ocorreram alguns problemas que precisam ser avaliados e corrigidos antes dos próximos testes e antes que a espaçonave possa levar uma tripulação humana”.
Pouco antes da captura do Super Heavy pela torre Mechazilla, o foguete apresentou falhas na seção dos motores que poderiam ser catastróficas para o veículo e para a base. “Aparentemente um vazamento de gases que chegou a formar labaredas de fogo na parte inferior e que persistiram até mesmo depois da captura bem sucedida, mas que felizmente não causaram maiores danos à estrutura”, explicou Zurita.
O especialista aponta outra falha observada foi a proteção térmica da Starship. “A nave continua perdendo pastilhas do revestimento térmico e uma de suas aletas chegou a ser estruturalmente comprometida pelo calor. Aparentemente a nave ainda foi capaz de controlar o pouso no mar, mas esse não foi tão bem-sucedido quanto o do 4º voo de teste, chegando inclusive a ocorrer a explosão da nave antes do final do procedimento de amerissagem”.
Cada voo do megafoguete da SpaceX trouxe avanços importantes
Abril de 2023
No primeiro teste, a Starship explodiu ainda acoplada ao Super Heavy. Falha nos motores ativaram um sistema de destruição da espaçonave.
Novembro de 2023
Já no segundo voo, a Starship se separou do Super Heavy e o propulsor explodiu. Na ocasião, a SpaceX identificou a necessidade de realizar 17 correções no megafoguete. A nave, que perdeu sinal após 8 minutos e 30 segundos, explodiu ao entrar em órbita.
Março de 2024
Em um grande avanço, o terceiro teste durou 50 minutos. A Starship foi destruída, mas nunca tinha ido tão longe. Apesar do sucesso da decolagem, a equipe perdeu o contato com a nave pouco antes do horário previsto para o pouso.
Junho de 2024
Durante o quarto teste, pela primeira vez, a Starship pousou no Oceano Índico e, o Super Heavy, no Golfo do México, como planejado.