Implantar microchips eletrônicos no cérebro de um ser humano é uma tecnologia que vem sendo estudada e testada. Caso tenha sucesso, promete ganhos para pessoas que não podem se mover ou comunicar. Veja abaixo tudo o que se sabe sobre o tema.
A startup Neuralink, de Elon Musk, implantou um chip de computador no cérebro de uma pessoa no último domingo (28). Ele mesmo informou o feito em uma publicação no X, antigo Twitter, na segunda-feira (29), mas sem dar muitos detalhes.
Outras empresas que fazem trabalho semelhante estão mais adiantadas no processo de investigação. A Synchron, por exemplo, tem inscrito e implantado pessoas no seu ensaio desde 2021. Mas os consumidores não poderão ter acesso a essa tecnologia rapidamente.
Os pesquisadores dizem que uma interface cérebro-computador permitirá que uma pessoa use seus pensamentos para controlar um dispositivo como um computador ou um telefone.
Os médicos implantam esses tipos de dispositivos na superfície do cérebro ou mesmo em uma região profunda dele.
O equipamento da Neuralink, por exemplo, tem aproximadamente o tamanho de uma moeda. Já o chip do Synchron é um pequeno dispositivo semelhante a um stent que entra nos vasos sanguíneos do cérebro. Esses chips incluem vários eletrodos que não conseguem ler os pensamentos de uma pessoa, mas essencialmente observam e interpretam sinais enviados por neurônios.
Os neurônios são células nervosas que usam eletricidade e produtos químicos para enviar sinais do cérebro para o resto do corpo, comandando-o a fazer suas atividades como se mover, respirar, conversar ou comer.
“Com os avanços dos últimos 30 ou 40 anos, finalmente tivemos poder de processamento suficiente para construir e treinar algoritmos matemáticos para fazer estimativas de como essa informação poderia ser”, diz Paul Nuyujukian, professor de bioengenharia e neurocirurgia que dirige o Laboratório de Interface Cerebral da Universidade de Stanford.
“Finalmente, temos o poder de computação para fazer essas estimativas em tempo real”, completou.
Embora a tecnologia seja recente, o trabalho se baseia na ciência básica sobre como o cérebro controla o movimento que os cientistas compreenderam há mais de 100 anos, diz o professor.
O que faz essa tecnologia funcionar?
A tecnologia anterior precisava ser conectada a um computador. Agora, com a evolução tecnológica, a realidade é outra.
O dispositivo da Neuralink funciona com uma bateria que pode ser carregada sem fio e pode se comunicar sem fio com o aplicativo da fabricante. Esse aplicativo decodifica os dados em ação e intenção, segundo a empresa.
Já o chip da Synchron está conectado a uma unidade de telemetria conectada a um computador. A empresa chega a descrever o dispositivo como “um cérebro por bluetooth”. De acordo com eles, pessoas com paralisia cerebral conseguiram enviar e-mails, escrever, etc.
O objetivo inicial é ajudar alguém que teve um derrame ou que tem uma doença motora degenerativa ou outros problemas físicos a se comunicar por meio do implante, com um dispositivo externo como um telefone, tablet ou computador.
Em 2021, a Neuralink demonstrou como isso funcionava com um macaco chamado Pager, que teve dois desses chips implantados em seu cérebro.
Os dispositivos permitiram que Pager controlasse um cursor com seus pensamentos e jogasse um jogo chamado “mind pong”.
“Nada neste campo acontece da noite para o dia”, disse Nuyujukian. Ele e outros acadêmicos têm trabalhado nesse tipo de pesquisa há décadas, mas a inovação técnica aumentou nos últimos cinco a dez anos, à medida que mais empresas de engenharia neural entraram no ramo.
No entanto, leva tempo para que dispositivos como esse passem pelo processo de aprovação porque “o risco para a segurança individual é elevado”, disse ele. Os riscos podem incluir sangramento ou infecções.
Muitas vezes pode levar de dez a 20 anos para que um dispositivo seja aprovado, especialmente um que envolva essa nova tecnologia, com implantes cerebrais.
No entanto, Nuyujukian se diz confiante de que a tecnologia ajudará as pessoas no futuro. “Não há razão para que isso não seja bem-sucedido. A ciência existe e é sólida e existe há décadas, e isso me dá muita segurança. Podemos fazer”.
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