Um dos sete instrumentos científicos a bordo do primeiro observatório de estudo solar da Índia acaba de registrar e enviar para a Terra as primeiras imagens do astro. Nelas, é possível ver certas características, como manchas e “praias” solares, além de áreas inativas.
Para conhecimento:
- Manchas solares: fenômenos temporários na fotosfera do Sol, que aparecem como pontos mais escuros do que as áreas circundantes. Elas são regiões de temperatura superficial reduzida, devido a concentrações de fluxo de campo magnético;
- Praias solares: regiões brilhantes na cromosfera do Sol, normalmente posicionadas próximas a manchas solares;
- Áreas inativas: regiões “silenciosas”, onde o campo magnético está mais disperso, sem ocorrência de acúmulo de energia.
De acordo com um comunicado da Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO), o instrumento ASPEX (sigla em inglês para Experimento de Partículas de Vento Solar do Aditya), responsável por esses registros, foi ligado em 20 de novembro.
O que vemos nas imagens de estreia do observatório solar Aditya-L1
A superfície visível do Sol é como um fino filme plástico de hidrogênio e hélio chamado fotosfera. Tem cerca de 100 quilômetros de espessura e apresenta manchas solares esporádicas.
Essas regiões escuras por vezes maiores do que os planetas eventualmente disparam poderosas explosões solares, que ejetam jatos de plasma para o espaço. Às vezes, eles viajam em direção à Terra, provocando tempestades geomagnéticas.
As imagens de estreia do Aditya-L1 capturam quatro manchas solares claras, incluindo uma muito perto do equador do Sol. O astro parece estar mais calmo à sua esquerda, área identificada na imagem como “Sol tranquilo”.
Abaixo do equador, vê-se outra característica, chamada praia solar, uma região muito quente geralmente vista na cromosfera, que é a camada da atmosfera solar entre a fotosfera e a coroa.
Sobre a sonda solar Aditya-L1:
- Trata-se do primeiro observatório solar da Índia;
- A espaçonave foi lançada em setembro;
- “Aditya” é o nome do Sol em sânscrito, e “L1” é a sigla de “1º Ponto de Lagrange”, em referência à área no céu onde o equipamento vai orbitar entre a Terra e o Sol;
- Essa região fica a 1,5 milhão de quilômetros do nosso planeta, de onde o observatório terá uma visão ininterrupta do astro;
- É neste mesmo lugar que orbita o Observatório Solar e Heliosférico (SOHO), um satélite da NASA e da Agência Espacial Europeia (ESA) que estuda a atividade solar desde 1996;
- A previsão é de que a espaçonave indiana chegue ao destino dentro de um mês.
Os Pontos de Lagrange são localizações no espaço onde os campos gravitacionais de dois corpos maciços estão em equilíbrio com a força centrífuga de um terceiro objeto, cuja massa é desprezível em relação a eles (por exemplo, um telescópio espacial em relação à Terra e ao Sol). Estar em equilíbrio significa que as forças se cancelam. Uma espaçonave em um desses pontos pode permanecer na posição quase sem gastar combustível.
Qual é o objetivo do observatório Aditya-L1
Embora o Sol seja estudado há muito tempo, os astrônomos ainda não compreendem totalmente como sua camada atmosférica mais externa, conhecida como coroa, fica tão quente – sendo um milhão de graus Celsius mais quente do que a superfície da estrela.
Pouco se sabe sobre o que acontece antes das explosões solares e da liberação de enormes jatos de plasma conhecidos como ejeções de massa coronal (CMEs) para o espaço – às vezes, em direção à Terra. Também se desconhece como as CMEs aceleram a tão altas velocidades perto do disco solar.
Segundo ISRO, espera-se que o observatório Aditya-L1 forneça algumas pistas sobre esses mistérios de décadas. E isso já começou a acontecer: recentemente, a sonda captou sua primeira ignição de erupção solar. De acordo com a agência, a explosão ocorreu em 29 de outubro, entre 9h e 19h (pelo horário de Brasília), menos de dois meses depois que a espaçonave foi lançada.