Um grupo de pesquisadores investigou a mais rica coleção de ferramentas feitas de madeira do período Paleolítico e revelou mais sobre como viviam os neandertais há cerca de 300 mil anos.
A humanidade já utiliza de ferramentas feitas em pedras há mais de 3 milhões de anos e provavelmente a utilização de madeira para tal também foi percebida pelos antigos hominídeos. No entanto, a madeira, diferente da pedra, dificilmente sobrevive e poucas evidências de seu uso em períodos tão passados foram encontradas. Uma delas foi uma estrutura que data de 476 mil anos atrás e as ferramentas recentemente pesquisadas.
- Os artefatos foram encontrados num local conhecido como Horizonte da Lança, onde atualmente é a cidade de Schöningen, no norte da Alemanha;
- O local remonta ao tempo em que os neandertais substituíram o Homo heidelbergensis na Europa;
- Ao todo foram investigadas 187 dessas peças de madeiras e outros objetos como ossos de dente de sabre transformados em ferramentas.
O Horizonte da Lança foi descoberto em 1994, mas encontrar tudo que o local tem para oferecer revelou-se ser um processo lento. No novo estudo realizado por pesquisadores do Gabinete Estatal do Patrimônio Cultural da Baixa Saxônia e publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), foram analisados artefatos encontrados no local até 2008.
Finalidade de ferramentas de madeira
Segundo os pesquisadores, as lanças e armas de caça representam de 20 a 35 dos artefatos. Pedaços de madeira arredondados e pontiagudos que eram utilizados para outras tarefas domésticas, como processar peles de animais, compõem a maioria dos artefatos. Muitos outros não tiveram suas finalidades identificadas.
A partir das análises, os pesquisadores perceberam que as ferramentas são feitas de abetos, salgueiros e pinheiros e que a maioria não apresenta sinais de processamento humano. Essas descobertas revelam que os neandertais que viviam no local estavam dispostos a percorrer longas distâncias para encontrar esses pedaços de madeira ideais, principalmente porque essas árvores não eram encontradas no Horizonte da Lança, estando entre 3 e 5 quilômetros de distância, ou até mais.
Os pedaços de madeira que eram processados, apresentaram técnicas complexas, fornecendo dados importantes da tecnologia desenvolvida no Pleistoceno, e que se tornou cada vez mais sofisticada ao longo dos milênios.
Essas descobertas endossam a ideia de que os primeiros humanos eram caçadores sofisticados e não os necrófagos que se imaginava. Essas ferramentas de madeira e outros artefatos são a melhor fonte para entendermos esse ramo da árvore genealógica humana.