quinta-feira, novembro 21, 2024
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Veja a trajetória de Fernando Diniz, em busca da Libertadores com o Fluminense

Se tem um treinador que sempre foi badalado pela forma como faz seu time jogar, este cara é Fernando Diniz. E o comandante do Fluminense tem a chance de chegar ao ápice da carreira neste sábado (4), a partir das 17h (de Brasília), quando decide a Copa Libertadores contra o Boca Juniors-ARG, no Maracanã. Rumo à Glória Eterna. E sua glória pessoal.

Considerado há alguns anos um dos melhores – senão o melhor – técnico do futebol brasileiro, Fernando Diniz sempre esbarra na desconfiança que o persegue. Uma desconfiança “resultadista”. Afinal, como pode um treinador tão elogiado ter apenas um Campeonato Carioca (2023) na bagagem? Títulos de expressão e Diniz, até então, pareciam não combinar.

Certo é que a final da Copa Libertadores já vai alçar o técnico a outro patamar. Mesmo sendo interino na Seleção Brasileira, conquistar o maior torneio de clubes da América do Sul terá um valor inestimável. Além de entrar na galeria da fama do Fluminense, o treinador tricolor dará uma resposta aos críticos. Diniz pode, enfim, atingir seu ponto máximo.

A chance de conquistar a América veio no clube que já lhe havia aberto as portas em 2019. Foi no Fluminense a primeira grande chance de Diniz como técnico de elite. Naquele ano, futebol vistoso e pouco vitorioso. Resultados aquém do esperado. Nada de taças. Uma demissão na conta.

Mas o que esperar do técnico diferenciado para a grande mídia, mas por vezes visto como fracassado pelo grande público? Fernando Diniz trabalha bem a parte mental de seus comandados.

“O que acontecer vai modificar a forma como todos enxergam. O mais importante é como eu me enxergo. Não estou à mercê da bola que vai entrar ou não. Se fosse, já estaria mais ansioso. Demorei muito tempo e luto até hoje para minha vida não ser determinada por uma bola que entra ou não”, comentou o treinador, psicólogo de formação.

Fernando Diniz teve uma carreira interessante como atacante. Passou por gigantes do futebol brasileiro. Jogou no próprio Fluminense. Jogou por Flamengo, Palmeiras, Corinthians, Santos e Cruzeiro. Teve mais destaque em alguns do que em outros. Mas foi como treinador que os olhos voltaram para ele.

Fernando Diniz comemora título do Votoraty. / Arquivo pessoal / Jornal Cruzeiro

Seu começo foi no modesto Votoraty, do interior de São Paulo. Ali, na verdade, foi sua primeira conquista. Em 2009, sua equipe foi avassaladora na Copa Paulista e faturou o inédito troféu, junto com a vaga na Copa do Brasil do ano seguinte. A campanha em casa foi o grande destaque: dez vitórias e três empates. Na final, um sonoro 5 a 1 diante do Paulista de Jundiaí.

O treinador levou o Votoraty para a segunda fase da competição nacional, em 2010. A equipe passou por cima do Treze-PB, mas encontrou logo de cara o Grêmio e deu adeus ao sonho de surpreender o Brasil. Depois, rodou por clubes pequenos até se firmar de vez para o cenário nacional.

Depois do Votoraty, Diniz ainda caminhou por Paulista, Atlético Sorocaba-SP e Botafogo-SP. Em 2013, ele teve o seu primeiro contato com o clube de Osasco. Após uma outra breve passagem pelo Paraná Clube, o treinador retornou em 2016 para fazer história. A modesta equipe paulista surpreendeu o Brasil e chegou até a final do Campeonato Paulista.

E o caminho do Audax de Fernando Diniz foi difícil. Com um time envolvente e com uma campanha histórica, a equipe simplesmente atropelou o São Paulo nas quartas de final, por 4 a 1, e depois eliminou, dentro de Itaquera, o Corinthians. Naquele time, nomes como Sidão, Tchê Tchê e Ytalo fizeram sucesso em outros clubes.

Diniz comanda treino do Osasco Audax / Renato Silveira / Audax

Na grande decisão, o Osasco conseguiu um empate e teve uma dolorosa derrota por 1 a 0 para o Santos. Estava encerrado o sonho do Audax e de Diniz. Mas a história estava feita, e o treinador foi apresentado de vez ao futebol brasileiro. No segundo semestre, comandou o Oeste na Série B do Campeonato Brasileiro e evitou o rebaixamento da equipe de Itápolis.

Foi em 2018, no Athletico-PR, e 2019, no Fluminense, que Fernando Diniz começou a ser questionado. Apesar do bom futebol e de revelar jogadores aos montes, seus times deviam resultado. Nos dois casos, o técnico deixou as respectivas equipes na zona de rebaixamento no Campeonato Brasileiro.

No Furacão, inclusive, sua saída deu espaço para Tiago Nunes. O treinador pegou o trabalho de Diniz e conquistou em dois anos a Copa Sul-Americana e a Copa do Brasil.

“Diniz é o cara mais criativo que vi em termos profissionais. Intuitivo com uma capacidade única de cativar as pessoas. Consegue engajar, criar aderência dos jogadores e profissionais à sua volta. Tem uma capacidade única e extraordinária. Infelizmente não ganhou título ainda e isso acaba pesando. Merece por toda a trajetória que tem no futebol e crença no modelo de futebol que ele aplica. Só ele aplica. É um jogo autoral, é dele. Nunca vi ele falando que seu jogo é melhor ou pior que os outros”, falou Tiago Nunes.

Mesmo demitido do Fluminense, com a equipe entre as últimas colocadas do Brasileiro, Fernando Diniz assumiu um São Paulo em crise. No primeiro ano, confirmou a vaga para a Copa Libertadores de 2020 e teve a maior chance de ser campeão na carreira, até então.

Em 2020, o São Paulo liderou o Campeonato Brasileiro de ponta a ponta. Foi semifinalista da Copa do Brasil. Mas, para muitos, o estigma do treinador em não conseguir ser campeão tirou o Tricolor Paulista da rota das conquistas. A equipe acabou entregando o Brasileiro, e Diniz foi demitido antes mesmo do término do torneio.

Na Copa do Brasil, sua equipe atropelou o Flamengo, que era o time-sensação do país e que acabou campeão brasileiro novamente, mas ficou pelo caminho contra o Grêmio. Depois do novo fracasso, Diniz passou por Santos e Vasco, sem sucesso. Foram apenas 14 vitórias em 39 jogos pelos dois clubes.

“Mandei uma mensagem para ele (Mário), nunca tinha feito isso. Sou muito discreto em relação a isso. Mas sempre tive uma relação muito boa com o Mário Bittencourt e o Paulo Angioni (diretor de futebol). E senti no meu coração que era hora de voltar ao Fluminense”, contou Fernando Diniz.

E foi assim que começou o casamento atual, já vitorioso. Desde sua chegada, em abril de 2022, são 58 vitórias em 105 jogos. Nesta segunda passagem pelo Fluminense, Fernando Diniz venceu 55,5% das partidas que disputou. E os resultados batem à porta. No ano passado, foi semifinalista da Copa do Brasil e 3º colocado no Campeonato Brasileiro.

A temporada 2023 começou com seu primeiro título de expressão: o Campeonato Carioca, com direito a goleada de 4 a 1 sobre o arquirrival Flamengo na final. Agora, chegou a chance de ouro da carreira com esta final de Libertadores. Não bastasse isso, está à frente da Seleção Brasileira.

Fernando Diniz pode trazer a sonhada taça em 121 anos da gloriosa história do Fluminense. E tinha que ser com o treinador que mais tem a cara do clube. O próprio treinador aponta a receita do sucesso.

“Trabalhamos um ano e meio juntos para estar aqui. Isso tudo não será descartado. A segurança para viver bem é que sou focado no trabalho, e não apenas no resultado, que tem um componente de incerteza. Minha vida e do nosso time não estão à mercê do resultado. Estamos preparados de alma, pensamos nessa final desde o ano passado”, revelou.

Esse é Fernando Diniz. O então ‘fracassado’ por muitos que pode chegar à Glória Eterna em seu tempo, em sua hora.

 

Via CNN

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