Nesta segunda-feira (18), o Papa Francisco fez um pronunciamento no Vaticano permitindo que padres passem a dar a bênção para casais homoafetivos que os procurarem. Embora os padres possam ainda se recusar a realizar o ato, há uma proibição de que se impeça que pessoas entrem nas igrejas em busca de uma bênção.
Contudo, vale dizer que, para a ótica da Igreja Católica, os casais homoafetivos seguem em “situação irregular”, condição que aponta também, por exemplo, às pessoas que contraem um segundo matrimônio após um divórcio. Ainda assim, o anúncio do Papa está sendo considerado um grande aceno de respeito às escolhas individuais dos cristãos.
A declaração de Papa Francisco
O Papa Francisco aprovou um documento que tem sido visto como já um importante aceno ao legado que ele quer deixar, uma vez que já tem 87 anos e enfrenta problemas de saúde, como bronquite, artrose e dor no ciático.
A Igreja ressaltou no documento que o ato da bênção litúrgica aos casais homoafetivos não pode se assemelhar a um casamento. “Essa bênção nunca será realizada ao mesmo tempo que ritos civis de união, nem em conexão com eles, para não produzir confusão com a bênção do sacramento do matrimônio”, diz um trecho do texto.
Entretanto, é a primeira vez que a Igreja Católica abre caminho para a inclusão de casais do mesmo sexo, o que tem gerado também tensões na ala conservadora desta instituição. Em certos locais, como nos Estados Unidos, isso acentua uma crítica já pré-existente a Francisco.
Por que a bênção importa?
O passo é considerado muito importante, pois reafirma o compromisso de Papa Francisco com a comunidade LGBTQIA+. O fato se torna mais relevante porque a Santa Sé, a jurisdição eclesiástica da Igreja Católica em Roma, tem procurado nos últimos anos bloquear algumas conquistas já reconhecidas por entidades dos direitos humanos, como a ONU.
A Igreja, por exemplo, ainda se opõe à maior parte das formas de contracepção e batalha contra quaisquer referências a gêneros nas resoluções da ONU. Há algumas décadas, a instituição também levantou uma cruzada contra o movimento gay ao difundir a ideia da existência de uma “ideologia de gênero”.
Ainda assim, vale lembrar que as aberturas atuais manifestadas pela Igreja de Francisco ainda não significam recuos a certas visões. A bênção se sustenta na ideia bíblica do “ame o pecador, odeie o pecado”, o que significa que a homossexualidade ainda é vista como uma condição de pecado que precisa ser tolerada, e não uma identidade reconhecida.
É preciso dizer que a posição do Papa Francisco durante os dez anos que está à frente da Igreja tem minimizado a ênfase moral no debate sobre a sexualidade, e focado mais na luta contra a pobreza, a desigualdade e as catástrofes climáticas. Em algumas entrevistas, quando questionado sobre o tema, o Papa já declarou que pessoas gays são “filhos de Deus e têm direito a uma família”.