sábado, setembro 28, 2024
InícioPolítica'Vai sentir falta de mim quando eu for embora', diz Campos Neto

‘Vai sentir falta de mim quando eu for embora’, diz Campos Neto

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, compareceu a uma audiência pública na Câmara dos Deputados, nesta terça-feira, 13. Na ocasião, diversos parlamentares o interpelaram sobre a política monetária da autarquia e sobre a manutenção da taxa Selic em “níveis elevados”.

Crítico de Campos Neto, o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) mencionou a alta na taxa Selic e disse que, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, o presidente da autarquia “teve uma política monetária extremamente frouxa”.

“Quando aumenta a taxa de juros, o impacto é nove meses, 12 meses depois”, disse Lindbergh. “O senhor teve uma política monetária extremamente frouxa e levou às alturas, em abril de 2022, a inflação chegou a 12%. Quando é o governo do presidente Lula, o senhor vai para o outro lado com uma taxa de juros que nunca houve, chegando a ter, em março de 2021, 7% de taxa de juros reais.”

Depois de o deputado fazer seu pronunciamento, Campos Neto pôde respondê-lo e a outros parlamentares também, e disse:

“Tenho [mais] cinco meses aqui, e vai sentir falta de mim quando eu for embora”, disse o presidente do BC ao deputado do PT. Segundo ele, a baixa da Selic mencionada sobre o governo Bolsonaro se refere a um período da pandemia de covid-19. “Transformamos uma depressão em uma recessão”, declarou.

“Caíram os juros, mas, naquele momento, estávamos enfrentamos uma situação que poderia afetar a vida das pessoas”, continuou, explicando que o BC, posteriormente, foi o primeiro a subir a taxa. Além disso, Campos Neto destacou que o período da sua presidência no BC foi onde a Selic média teve a taxa mais baixa, entre 2019 e 2024.

Campos Neto fala sobre a taxa de juros alta no Brasil

Foto: Vinicius Loures / Câmara dos Deputados

Sobre a alta na taxa de juros no Brasil, Campos Neto destacou que isso ocorre porque a taxa de juros neutra já é alta, mas que, ao longo do tempo, o BC tem trabalhado com uma taxa “mais baixa”.

“Óbvio que a taxa de juros alta freia a economia, mas o crescimento tem surpreendido para melhor”, disse. “Quem paga a conta de verdade da inflação é a população mais pobre.”

“É importante entender que a gente tenta ter a taxa de juros mais baixa possível fazendo a inflação convergir com a meta”, continuou. “O mandado da inflação não é o BC que decide, é o governo quem decide a meta 3%, a banda..Não é um trabalho do BC, que é minoria no CFM [Conselho Fiscal Monetário]. Temos uma meta, mas temos liberdade operacional para atingir a meta, que é o que a gente tem feito.”

Campos Neto ressaltou ainda que não é possível confundir “causa e efeito”. Conforme ele, a causa dos juros alto é a dívida, não a dívida a causa dos juros, ou seja, se a dívida é alta, os juros são altos.

Ele citou ainda uma fala do presidente Lula: “Sei como é devastadora a inflação na vida do trabalhador e o que interessa é a inflação baixa e a economia crescendo”.

“É o que estamos tentando fazer”, completou Campos Neto.

Jantar de Campos Neto com Tarcísio

Durante a audiência na Câmara, foi mencionado o jantar que o presidente do BC teve com o governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Campos Neto foi criticado pelos governistas, pois Tarcísio é alinhado a Bolsonaro.

Em sua fala, Campos Neto explicou que o jantar foi “mais um evento” e que é “importante o reconhecimento” para o BC. Além disso, que tem outros encontros marcados com governadores e que, toda vez que for chamado para jantares, como o que ocorreu com Tarcísio, vai para obter o reconhecimento para a autarquia.

Via Revista Oeste

MAIS DO AUTOR

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui