domingo, novembro 24, 2024
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USP culpa ‘lábios finos’ ao rejeitar matricular aluno por cota racial


A Universidade de São Paulo (USP) explicou à Justiça os motivos de ter negado a vaga ao candidato Alison dos Santos Rodrigues, aprovado em medicina por meio da cota para pretos, pardos e indígenas. Ele acabou barrado pela instituição de ensino em 26 de fevereiro.

Segundo a universidade, os motivos foram estes: “boca e lábios finos”. Além disso, a USP alega que Rodrigues tem pele clara e “se apresentou com o cabelo raspado” — o que impediu a bancada de identificá-lo adequadamente. 

A USP também afirma que o candidato “foi submetido a procedimento bastante criterioso” para a avaliação, com múltiplas conferências e bancas diferentes. 

Os critérios definidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre os aspectos de pretos e pardos a serem considerados nos processos seletivos são:

  • Textura do cabelo (crespo ou enrolado);
  • Nariz largo;
  • Cor da pele (parda ou preta); e
  • Lábios grossos e amarronzados.

Mais de 200 candidatos recorreram contra a decisão da USP de negar autodeclaração racial em 2024

Ao longo deste ano, a USP tem tido alguns problemas com candidatos que se autodeclaram pretos, pardos ou indígenas. De janeiro a março, a instituição registrou um total de 204 apelações de candidatos cujas declarações raciais foram recusadas

Glauco Dalalio do Livramento, um dos postulantes rejeitados, entrou com uma ação judicial contra a universidade depois de perder a vaga. A defesa dele disse que o procedimento de averiguação feito pela USP foi inconstitucional. 

Como funciona a política de cotas da USP

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Glauco Dalalio do Livramento, um dos postulantes rejeitados, entrou com uma ação judicial contra a universidade depois de perder a vaga | Foto: Divulgação/USP

A política de cotas da USP aloca 50% de suas vagas de graduação para estudantes da rede pública. Dessas, 37% são especificamente para candidatos pretos, pardos e indígenas. 

Em nota, a instituição defendeu seu modelo de cotas. “O desenho da política tem revelado a sua eficácia, respondido às metas e mostrado que os critérios acordados não se confundem com um tribunal racial, mas com a efetividade de uma política pública fundamental para o Brasil”, argumentou. 

Via Revista Oeste

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