segunda-feira, novembro 18, 2024
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“Usavam de cartão postal“, diz Quitéria Chagas sobre mulheres negras no Carnaval

Quitéria Chagas, 44, rainha de bateria da Unidos do Viradouro, comentou sobre a posição da mulher negra no começo de sua trajetória no Carnaval e as mudanças que conseguiu colocar em prática em suas mais de duas décadas participando da festa.

À CNN, ela relatou que no início dos anos 2000 entrou na campanha para diminuir a objetificação dos corpos negros e para o banimento dos cartões postais contendo fotos das mulheres que participavam do Carnaval.

“Teve muita luta, muito enfrentamento para dar valor à mulher preta no samba“, disse a psicóloga.

“Quando entrei [no Carnaval], eu era uma das poucas rainhas de baterias negras. A maioria era personalidades e atrizes e brancas e isso para mim foi um grande questionamento — eu era passista e não sabia como iria conseguir chegar ao posto de rainha se na época não era famosa nem tinha dinheiro”, narrou Quitéria na entrevista.

Ela disse que se engajou na carreira de bailarina e atriz para poder galgar posições na hierarquia das escolas de samba “e ter a coroa [de rainha] porque é um símbolo de status, um símbolo importante de reparações históricas”.

Também rompendo com crenças do Carnaval, Quitéria disse que foi uma das primeiras passistas que conhecia com formação acadêmica e que seu diploma em psicologia serviu para inspirar outras mulheres das agremiações a perseguirem os estudos.

Quando questionada sobre como fez para promover as mudanças pelas quais lutou desde que entrou para a festa, a rainha de bateria da Unidos do Viradouro contou que precisou se manter sempre nos holofotes da mídia para ser ouvida e fazer a diferença.

Seu estilo marcante de cabelo, com vários coques pequenos na cabeça, foi uma das formas que encontrou de manter sua imagem ativa e sua voz importante.

“Era um penteado afro em uma época que as pessoas não aceitavam o cabelo afro e eu estava sempre nas mídias e nas revistas daquele jeito. Muita gente fala que foi uma forma de representatividade, que marcou muito”, comentou a bailarina.

Sobre a conscientização sobre o racismo e o papel das pessoas pretas no Carnaval, Quitéria refletiu que “é preciso falar sobre isso não só no mês da Consciência Negra, mas sim sempre. É importante para as pessoas entenderem que existe uma questão de reparação histórica por vários problemas de atravessamentos que fizeram a imagem [dos negros] ser deturpada”.

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Via CNN

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