domingo, julho 7, 2024
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uma história de terror e vida selvagem

Muitos nomes já foram dados à região da costa atlântica que se estende entre os rios Kunene e Swakop, na Namíbia, e nenhum deles é tranquilizador. Para o povo San local, o lugar é conhecido como a “terra que Deus fez na ira”. Já os marinheiros portugueses que ali pararam brevemente em 1486 chamaram de “Portas do Inferno”.

Para a maioria das pessoas hoje em dia, no entanto, a área é conhecida como a Costa dos Esqueletos. Esse nome deriva do seu cenário desolado, que lembra um imenso cemitério de animais, conforme descrito pela repórter de viagens da CNN Karen Bowerman

Crânios de focas, caixas torácicas de tartarugas e vértebras de baleias colossais são apenas algumas das imagens macabras que se pode encontrar nessa área impiedosa. Embora se possa pensar que essas mortes são resultado da predação natural, a verdade é que muitos desses animais pereceram devido à atividade humana, especialmente durante o auge da indústria baleeira na região.

Quase mil naufrágios dão o tom sinistro ao local

A história da Costa dos Esqueletos é entrelaçada com naufrágios e tragédias marítimas. Ao longo dos séculos, quase mil navios encontraram seu fim nessas águas traiçoeiras, deixando para trás um legado de destruição e mistério. Alguns desses naufrágios são visíveis mesmo longe da linha costeira, testemunhos silenciosos da brutalidade do mar e das adversidades enfrentadas por marinheiros e passageiros.

Um dos naufrágios mais emblemáticos foi o do navio Dunedin Star, uma embarcação britânica que encalhou na costa em 1942. Sua história de resgate, marcada por incidentes inesperados e dramáticos, é um exemplo claro da imprevisibilidade dos eventos na Costa dos Esqueletos. Outros relatos de naufrágios remontam a séculos atrás, como um navio desconhecido que afundou em 1860 e cujos destroços e ossadas foram descobertos muitos anos depois, contendo mensagens enigmáticas de sua tripulação.

Naufrágio Dunedin Star, nas areias da Costa dos Esqueletos, Namíbia. Crédito: Chrisontour84 – Shutterstock

De acordo com um artigo do jornalista Tahir Shah publicado na BBC Travel em 2011, havia 12 esqueletos sem cabeça, junto com um texto esculpido em ardósia, que dizia: “Estou indo para um rio 96 km ao norte, e se alguém encontrar isso e me seguir, Deus o ajudará”. Segundo Shah , os restos mortais do escritor nunca foram identificados.

A vida persiste na Costa dos Esqueletos

Apesar da aura sombria que permeia a Costa dos Esqueletos, a vida persiste nesse ambiente hostil. Leões do Deserto, adaptados para sobreviver nas dunas e planícies áridas, são uma das atrações mais fascinantes para os visitantes. Além disso, a vida marinha está se recuperando, com baleias e focas encontrando refúgio e proteção no decorrer da costa.

Grupo de focas cochilando sob o Sol de inverno na Costa dos Esqueletos, Namíbia, que também é o lar de uma das maiores colônias de lobos-marinhos-do-cabo (Arctocephalus pusillus) do mundo. Crédito: Maurizio De Mattei – Shutterstock

A riqueza geológica da região também é notável. Embora os diamantes tenham sido uma vez uma fonte de conflito e tragédia na história da Namíbia, hoje em dia, a Costa dos Esqueletos é mais conhecida por sua beleza natural e seu céu noturno deslumbrante. Com pouca poluição luminosa, essa área se tornou um paraíso para os observadores de estrelas, oferecendo vistas deslumbrantes da Via Láctea e outras maravilhas cósmicas.

Em meio às ruínas de antigos assentamentos e minas de diamantes abandonadas, o local guarda segredos e histórias fascinantes. É um lugar onde a natureza mostra sua força implacável, ao mesmo tempo em que oferece beleza e vida em suas formas mais surpreendentes.

Os desafios e perigos que essa costa representa também são parte integrante de sua história. Desde os tempos em que era temida pelos marinheiros que a enfrentavam até os dias atuais, a Costa dos Esqueletos permanece como um símbolo de resiliência e beleza selvagem. A presença de leões do deserto, focas e baleias é uma lembrança constante da capacidade da vida de prosperar mesmo nos ambientes mais extremos.

Além disso, a região é um testemunho da fragilidade e da resistência dos ecossistemas costeiros. Os esforços de conservação e preservação são essenciais para proteger não apenas a vida selvagem única que habita essa área, como também para garantir que as gerações futuras possam desfrutar da beleza e da diversidade da Costa dos Esqueletos.

Via Olhar Digital

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