O estudo dos neandertais é considerado fundamental para o melhor entendimento sobre a evolução da nossa espécie, o Homo sapiens. Diversas evidências apontam que os nossos antepassados eram ótimos caçadores, artesãos, capazes de criar pinturas rupestres e até de se comunicar através de falas. No entanto, uma das diferenças fundamentais entre as espécies é a capacidade de criar metáforas.
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Diferenças na estrutura dos cérebros
- Novas evidências anatômicas indicam que os neandertais tinham tratos vocais e vias auditivas não significativamente diferentes dos nossos, indicando que, do ponto de vista anatômico, eles eram tão capazes quanto nós de se comunicar por meio da fala.
- Uma reconstrução digital 3D do cérebro dos nossos antepassados aponta para diferenças significativas na estrutura.
- Os neandertais tinham um lobo occipital relativamente grande, dedicando mais matéria cerebral ao processamento visual e disponibilizando menos para outras tarefas, como a linguagem.
- Eles também tinham um cerebelo relativamente pequeno.
- Essa estrutura subcortical, repleta de neurônios, contribui para muitas tarefas, incluindo processamento de linguagem, fala e fluência.
- A forma esférica única do cérebro humano moderno evoluiu depois que o primeiro Homo sapiens apareceu há 300 mil anos.
Metáforas transformaram linguagem
Segundo pesquisadores, algumas das mutações genéticas que explicam essa diferença estão associadas ao desenvolvimento neuronal e como os neurônios estão conectados no cérebro. Durante a evolução humana, houve “modificações de uma rede complexa na cognição ou aprendizagem”.
O estudo aponta que o cérebro do Homo sapiens desenvolveu sua forma esférica com redes neurais conectando o que haviam sido agrupamentos semânticos isolados de palavras. No entanto, estes permaneceram isolados no cérebro neandertal.
Isso significa que, embora as duas espécies tivessem capacidade equivalente para criação de palavras icônicas e de sintaxe, houve uma diferença em relação ao armazenamento de ideias em grupos semânticos no cérebro.
Em outras palavras, a nossa espécie adquiriu a capacidade de pensar e se comunicar usando metáforas. Para os pesquisadores, essa possibilidade transformou a linguagem, o pensamento e a cultura de nossa espécie, criando uma profunda divisão em relação aos neandertais.