Cientistas de Oxford, no Reino Unido, alcançaram um feito notável na busca pela energia de fusão nuclear. Esse avanço torna mais próxima da realidade a tão esperada energia limpa e ilimitada.
Segundo divulgado nesta quinta-feira (8) Por meio do Joint European Torus (JET), uma gigantesca máquina em forma de rosquinha conhecida como tokamak, eles conseguiram manter um recorde de 69 megajoules de energia de fusão por cinco segundos, utilizando apenas 0,2 miligramas de combustível.
Processo semelhante ao que alimenta o Sol e outras estrelas, a fusão nuclear é considerada a solução ideal para a energia limpa do futuro. Por causa disso, especialistas têm dedicado décadas para dominar esse processo aqui na Terra.
Energia nuclear pode ajudar a conter o aquecimento global
Se bem-sucedida, a fusão poderia gerar enormes quantidades de energia com uma quantidade mínima de combustível, sem emitir carbono – que contribui para o aquecimento global.
No experimento, os cientistas empregaram deutério e trítio, variantes de hidrogênio que que que as futuras plantas de fusão comercial provavelmente usarão. Elevando as temperaturas dentro da máquina para impressionantes 150 milhões de graus Celsius, aproximadamente 10 vezes mais quente que o núcleo do Sol, eles induziram a fusão do deutério e trítio, liberando calor como resultado.
O tokamak é revestido com ímãs poderosos que mantêm o plasma (um estado quente e ionizado da matéria) no lugar. O calor gerado é então convertido em eletricidade.
Este foi o último experimento desse tipo realizado pelo JET, que opera há mais de 40 anos e será desativado. O sucesso deste experimento é um indicativo promissor para novos projetos de fusão, como o Reator Termonuclear Experimental Internacional (ITER), o maior tokamak do mundo, atualmente em construção na França, e a Usina de demonstração (DEMO), planejada para produzir ainda mais energia.
Embora seja considerada uma peça-chave para enfrentar a crise climática global, a energia de fusão ainda requer mais desenvolvimento. Em entrevista à CNN, Aneeqa Khan, pesquisadora em fusão nuclear, disse que serão necessários muitos anos até que esta tecnologia esteja totalmente madura.
“Construir uma usina de fusão tem muitos desafios de engenharia e materiais”, disse ela. “No entanto, o investimento na fusão está crescendo e estamos atingindo progressos reais”.
O anúncio deste recorde chega em um momento crucial, com o serviço de monitoramento climático da União Europeia confirmando que o mundo ultrapassou o limite de aquecimento global de 1,5 grau Celsius em um período de 12 meses pela primeira vez. Isso ressalta a urgência de encontrar soluções para a crise climática, como a transição rápida para fontes de energia limpa e sustentável.