A União Europeia, Taiwan e Israel apresentaram propostas de zerar as tarifas alfandegárias sobre produtos norte-americanos para tentar evitar uma guerra comercial com os Estados Unidos.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apresentou a ideia nos últimos dias. E o comissário europeu ao Comércio, Maroš Šefčovič, ilustrou nesta segunda-feira, 7, a proposta após uma reunião de conselho de ministros responsáveis pelas pautas comerciais dos países da União Europeia.
“Estamos prontos para negociar, mas não vamos esperar para sempre”, disse Šefčovič.
Por outro lado, na noite desta segunda-feira os europeus apresentarão a primeira lista de produtos norte-americanos que poderiam sofrer contramedidas que entrarão em vigor em 15 de abril.
Taiwan também quer cortar tarifas
O presidente de Taiwan, Lai Ching-te, ofereceu no último domingo, 6, tarifas zero como base para negociações com os EUA, prometendo remover barreiras comerciais em vez de impor medidas recíprocas e dizendo que as empresas taiwanesas aumentarão seus investimentos nos EUA.

O presidente norte-americano Donald Trump anunciou tarifas de importação generalizadas na última quarta-feira, 2, com taxas muito altas para dezenas de países que têm grande superávit comercial com os EUA.
No caso de Taiwan, a tarifa adicional foi de 32% sobre seus produtos. A imposição, todavia, não se aplica aos semicondutores, uma importante exportação de Taiwan.
Em uma mensagem de vídeo divulgada por seu gabinete após reunião com executivos de pequenas e médias empresas em sua residência, Lai disse que, dada a dependência de Taiwan do comércio, a economia inevitavelmente teria dificuldades para lidar com as tarifas, mas que ele achava que o impacto poderia ser minimizado.
“As negociações tarifárias podem começar com ‘tarifas zero’ entre Taiwan e os Estados Unidos, com referência ao acordo de livre comércio EUA−Canadá−México“, disse Lai.
O presidente taiwanês salientou que não tem planos de adotar retaliações tarifárias, e não haverá mudanças nos compromissos de investimento das empresas taiwanesas com os Estados Unidos, desde que sejam do interesse de Taiwan.
A maior fabricante de chips contratado do mundo, a taiwanesa TSMC, anunciou no mês passado um investimento adicional de US$ 100 bilhões nos EUA.
“No futuro, além do aumento do investimento da TSMC, outras indústrias, como eletrônica, informação e comunicações, petroquímica e gás natural, poderão aumentar o investimento nos EUA e aprofundar a cooperação industrial entre Taiwan e EUA”, disse Lai.
O governo de Taiwan está considerando quais compras agrícolas, industriais e de energia em larga escala serão feitas de produtores dos Estados Unidos, enquanto o Ministério da Defesa já apresentou seus planos de compra de armas.
“Todas as compras serão realizadas ativamente”, disse Lai.
Os EUA são a principal garantia da segurança de Taiwan e seu principal fornecedor de armas, apesar da ausência de laços diplomáticos formais.
Taiwan tem enfrentado crescente pressão militar e política da China, que considera a ilha como uma província rebelde.
Israel também zera tarifas comerciais contra os EUA, de Trump
O governo de Israel foi mais rápido e já zerou suas tarifas sobre importações dos Estados Unidos. Os israelenses foram mais rápidos e aprovaram o fim das barreira alfandegárias um dia antes de o governo Trump anunciar as sobretaxas.
“As tarifas sobre todas as importações dos Estados Unidos serão canceladas”, disse o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
A medida ainda precisa da assinatura final do ministro da Economia, Nir Barkat, e do comitê de finanças do Parlamento. Ambas deverão ocorrer rapidamente.
Os Estados Unidos são o maior parceiro comercial e aliado mais próximo de Israel, com comércio bilateral avaliado em US$ 34 bilhões em 2024.
“A remoção de tarifas sobre produtos norte-americanos é mais um passo… para abrir o mercado à concorrência, diversificar a economia e reduzir o custo de vida”, disse o primeiro-ministro Netanyahu, em uma declaração conjunta com Barkat e o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich.
“Além dos benefícios econômicos para a economia e os cidadãos de Israel, a medida atual nos permitirá fortalecer ainda mais a aliança e os laços entre Israel e os Estados Unidos“, explicou o premiê.
Israel e os EUA assinaram um acordo de livre-comércio há 40 anos e cerca de 98% dos produtos norte-americanos são isentos de impostos.