O Parlamento da Ucrânia, denominado Rada, aprovou o acordo recém-firmado entre Ucrânia e Estados Unidos (EUA) para exploração de minerais no país. Em uma votação transmitida ao vivo, 338 deputados disseram sim à proposta.
Com isso, nasce oficialmente o plano para um fundo de investimento focado na exploração de minerais estratégicos – os que movem guerras, economias e tecnologias.
Antes da ratificação, a Comissão de Relações Exteriores da Rada havia dado o sinal verde, depois que o governo submeteu todos os documentos exigidos: nota explicativa, texto do tratado e protocolo de registro.
“338 votos a favor”, declarou Andriy Yermak, chefe do Gabinete Presidencial, em vídeo no Telegram, comemorando a aprovação. “Uma decisão histórica. Esse acordo tornará a Ucrânia mais forte. Obrigado a todos pelo trabalho. É assim que se faz história.”
Os EUA e a Ucrânia firmaram o acordo em 1º de maio, em Washington, com as assinaturas da ministra da Economia Yuliia Svyrydenko e do secretário do Tesouro americano Scott Bessent.
O tratado estabelece a criação do Fundo de Investimento para a Reconstrução EUA-Ucrânia, estruturado como uma sociedade limitada.
Do lado norte-americano, o fundo será gerido pela U.S. International Development Finance Corporation (DFC). Do lado ucraniano, o controle ficará com a chamada Agência PPP, que trata de parcerias público-privadas. Os detalhes dessa agência devem aparecer em um dos dois acordos técnicos ainda a serem assinados.
Mas esses documentos futuros não exigirão nova votação parlamentar, segundo esclareceu o vice-ministro da Economia, Taras Kachka:
“Separamos o que precisa passar pela Rada e o que pode ficar no nível corporativo”, afirmou. “O parlamento, no entanto, mantém seu poder de supervisão.”
No comitê de Finanças e Política Aduaneira, o deputado Yaroslav Zheleznyak destacou uma cláusula importante: qualquer novo arranjo sobre o fundo não poderá contrariar o que foi agora aprovado.
Reconstrução da Ucrânia
O fundo cuidará da receita da extração de recursos naturais no solo ucraniano. De combustíveis fósseis a metais raros, empresas americanas vão ajudar a explorar as riquezas enterradas no leste europeu.
O tratado começou a ganhar forma em fevereiro, quando Bessent apresentou a proposta a Volodymyr Zelensky em Kyiv. Agora, meses depois, com a votação encerrada, a maratona chegou ao fim — e o fundo está prestes a nascer.
O objetivo declarado é que esses minerais — como terras raras, lítio, titânio e outros essenciais para baterias, armas e tecnologias avançadas — abasteçam cadeias produtivas de países aliados, especialmente a indústria de defesa, energia e tecnologia dos EUA e da Europa.
O fundo criado, em contrapartida, vai administrar os investimentos e lucros, com a promessa de reinvestir parte dos ganhos na reconstrução e no desenvolvimento econômico da Ucrânia.