No Centro-Oeste, a terra molda os sabores e a água sustenta a vida. Brinco que aqui há um fruto e um peixe para cada dia do ano, tamanha a diversidade de fauna e flora que encontramos por estas bandas. E essa riqueza se traduz na cozinha, que mistura lindamente influências indígenas, costumes tropeiros e heranças pantaneiras.
Você já ouviu falar da guavira? Ou ainda do jaracatiá? Experimentou piraputanga, pacu, dourado e pintado assados? Estas matérias-primas e mais uma pluralidade de ingredientes formam um pouco do que pude experimentar na região para a temporada especial CNN Viagem & Gastronomia: Sabores do Brasil.
A jornada pelo Centro-Oeste não poderia começar de uma forma mais “bonita”, já que pisei justamente em Bonito, no Mato Grosso do Sul, para mergulhar em seus rios, adentrar suas trilhas, me banhar em cachoeiras e, claro, apreciar a rica culinária local.
Um dos melhores locais para vivenciar o ecoturismo e o turismo de aventura é na Fazenda Boca da Onça, na zona rural de Bodoquena, nos arredores de Bonito. Pense em trilhas, rapel e banho de cachoeira, mas eleve a sensação — e a beleza — à enésima potência.
Dentro da fazenda fica a cachoeira mais alta de todo o estado, a Cachoeira Boca da Onça, cujo véu d’água cai de maneira sublime de uma altura de 156 metros. O período de chuva, entre novembro e março, faz com que ela atinja toda a sua formosura, e a boa notícia é que a piscina natural aos seus pés é aberta para banhos.
Aqui podemos ouvir a sinfonia das araras e nadar ao lado de peixes em meio a um cenário de cair o queixo. Como a fazenda fica na Serra da Bodoquena, trilhas estão garantidas e nos levam até o mais alto rapel de plataforma negativa do país, em que descemos a uma altura de 90 metros.

A adrenalina faz o coração acelerar, mas as vistas inegavelmente lindas ajudam a equilibrar a emoção. Equipada com receptivo e restaurante, a fazenda ainda tem nove pontos para banho, dentre eles o Buraco do Macaco e a Janela para o Céu, também imperdíveis.
Depois da aventura, que tal finalizar a viagem com mais um almoço típico? Foi o que fiz ao lado da chef Juanita Battilani, nome por trás do Juanita Restaurante, outro endereço no centro de Bonito que deve constar no roteiro.
Juanita é daquelas pessoas que nos cativam pelo sorriso e pela defesa da comida pantaneira, já que faz uma tradução de elementos paraguaios e brasileiros com receitas que levam somente ingredientes frescos.
O pacu na brasa é especialidade do restaurante junto das tirinhas de jacaré e da caipiroska de guavira. Mas a receita escolhida para o meu almoço foi a sinfonia pantaneira, um prato caldoso com influência dos indígenas guatós que leva cauda de jacaré, pintado e carne de pacu. “É a cara do pantaneiro”, arremata a chef.
A caldeirada leva temperos caseiros e pimentões, formando uma verdadeira sinfonia de cores e sabores, resumindo bem a imersão pelos sabores do Centro-Oeste.
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