O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump foi condenado nesta sexta-feira (26) a pagar US$ 83,3 milhões por perdas e danos por difamação à escritora E. Jean Carroll. Em 2019, Trump disse que não a conhecia e que a acusação de abuso sexual que ela apresentou contra ele era falsa.
Após três horas de deliberação no tribunal federal de Manhattan, em Nova York, o júri composto por sete homens e duas mulheres decidiu por unanimidade que o líder das primárias presidenciais republicanas deveria pagar US$ 18,3 milhões por danos à reputação e em compensação financeira e mais US$ 65 milhões em danos punitivos, um valor muito mais alto do que o que havia sido proposto durante o julgamento.
Trump, que esteve presente no último dia do julgamento, deixou a sala de audiência do tribunal antes do anúncio do veredicto e, em sua rede social, Truth Social, chamou o julgamento de “totalmente ridículo”. “Não há mais justiça nos Estados Unidos. Nosso sistema judicial está quebrado e é injusto”, escreveu ele, sem citar Carroll.
Durante as duas semanas do julgamento, o ex-presidente, que tenta garantir candidatura pelo Partido Republicano para voltar à Casa Branca nas eleições de novembro, postou em suas redes que não conhecia Carroll e que o julgamento era uma caça às bruxas, a tal ponto que alguns de seus comentários foram usados como prova pela equipe jurídica da escritora. Esta é a segunda vez que a escritora e sua advogada, Roberta Kaplan, vencem um julgamento contra Trump. Em maio do ano passado, um júri condenou o ex-presidente por abuso sexual, assim como por difamação (em outras declarações de Trump) e ordenou que ele pagasse US$ 5 milhões.
Um dia antes do início do julgamento, Trump conquistou sua primeira vitória na corrida pela indicação do Partido Republicano para concorrer à presidência dos EUA nas eleições deste ano após obter mais de 50% dos votos no caucus do estado de Iowa. E na última terça-feira, Trump venceu as primárias de New Hampshire também com mais da metade do eleitorado.
Nos tribunais, Trump enfrenta um processo civil por fraude contra a empresa de sua família, no qual o ex-presidente pode ser condenado a pagar até US$ 370 milhões em multas e sofrer uma proibição vitalícia de atuar no ramo imobiliário no estado de Nova York. Fora de Nova York, Trump enfrenta outros quatro processos criminais: dois por tentar reverter o resultado da eleição de 2020, na qual perdeu para o atual presidente, Joe Biden; um por levar documentos confidenciais da Casa Branca para sua residência particular na Flórida; e um relacionado a subornar a atriz pornô Stromy Daniels para ocultar que tiveram um caso antes das eleições presidenciais de 2016, que ele acabou vencendo.